A bandeira ucraniana foi novamente hasteada na Ilha das Serpentes, localizada no Mar Negro, informou esta segunda-feira uma fonte do exército ucraniano, aqui citada pela Reuters. Isto depois de as forças russas se terem retirado do local, considerado um ponto estratégico para a ofensiva, na semana passada.
"A operação militar foi concluída e o território [Ilha das Serpentes] foi devolvido à jurisdição da Ucrânia", adiantou Natalia Humeniuk, porta-voz do comando militar do sul da Ucrânia, em contexto de conferência de imprensa.
Alguns analistas têm vindo a dizer que a retirada das tropas russas desta ilha poderia resultar no fim do bloqueio aos portos ucranianos, que tem impedido as exportações de vastas quantidades de cereais. Ainda assim, um diplomata estrangeiro consultado pela Reuters, residente em Kyiv, fez questão de apontar que tal não seria suficiente para permitir um trânsito seguro desses bens.
"Há um requisito que passa pela desminagem e a Rússia ainda tem capacidades (navios militares, sistemas de defesa costeira e superioridade aérea) que lhes permitirão interditar as vias de navegação", lembrou o diplomata a este propósito.
Na perspetiva desta fonte, a Ucrânia necessitaria de apoio dos países aliados e que a Turquia desempenhasse um papel de destaque nesse processo, de forma a que os portos fossem efetivamente desbloqueados para fins de exportação.
De recordar que a Rússia explicou ter abandonado o território da Ilha das Serpentes, na quinta-feira, como "gesto de boa vontade" para mostrar que não pretendia obstruir as tentativas da Organização das Nações Unidas (ONU) para abrir um corredor humanitário que permitisse a saída de cereais da Ucrânia. Porém, fontes ucranianas dizem ter expulsado as forças russas na sequência de um ataque com artilharia e mísseis.
Nos primeiros dias da invasão russa sobre território ucraniano, que teve início a 24 de fevereiro, as tropas do Kremlin levaram a cabo várias tentativas de conquistar a capital ucraniana, Kyiv, as quais acabariam por abandonar a certo ponto.
Desde então, os militares russos têm concentrado as ofensivas na região do Donbass - embora tenham já conseguido conquistar algumas cidades localizadas mais a sul, como é o caso de Mariupol, por exemplo, e continuem a levar a cabo bombardeamentos sobre outras regiões ucranianas.
A Rússia invadiu a Ucrânia em 24 de fevereiro e a ofensiva militar já matou mais de quatro mil civis, de acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU). No entanto, a organização alerta que o número real de vítimas poderá ser muito superior, dadas as dificuldades em contabilizar baixas civis em territórios controlados ou sitiados pelos russos.
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