A visita será realizada oficialmente a título pessoal, mas a pedido da líder do território Tsai Ing-wen, informou a agência noticiosa CNA, e será a de mais alto nível de um dirigente de Taiwan ao Japão desde que Tóquio deixou de reconhecer em 1972 Taipé como o único governo oficial da China, em favor de Pequim.
Segundo a CNA, Lai Ching-te pretende assistir ao funeral de Abe, que decorre terça-feira na capital nipónica e apenas com a participação de um grupo de pessoas próximas da família.
Hoje, e devido à ausência de laços diplomáticos oficiais, Tsai Ing-wen deslocou-se ao escritório de representação que o Japão mantém no território para apresentar as suas condolências pela morte de Abe, que descreveu como um "grande amigo" de Taiwan.
Por sua vez, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Wenbin, assinalou hoje que "a China ainda não recebeu nenhuma notificação do Governo japonês sobre o funeral de Abe".
O Presidente chinês, Xi Jinping, transmitiu no sábado as suas condolências ao primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, pelo assassinato de Abe, que exerceu o cargo de primeiro-ministro entre 2012 e 2020, um período em que se agravaram as relações com a China.
Entre as questões mais difíceis incluem-se as disputas territoriais das ilhas Diaoyu, conhecidas no Japão como Senkaku, ou devido às visitas de Abe ao polémico santuário de Yasukuni, com ligações ao passado militarista do país na origem de litígios com diversos países asiáticos.
O funeral de Abe deverá ocorrer na terça-feira, no templo budista Zojoji, numa cerimónia restrita, sendo depois seguido de uma homenagem pública em data posterior.
O alegado assassino, preso no local do ataque, foi identificado pela polícia como Tetsuya Yamagami, 41 anos, que se acredita ser um ex-membro da Força de Autodefesa Marítima, a Marinha do Japão.
Segundo fontes policiais citadas pela imprensa local, o homem viu vídeos na plataforma YouTube que mostravam como fazer uma arma de fogo artesanal como aquela que usou no ataque.
Yamagami disse que atacou deliberadamente Abe, explicando que estava zangado com uma organização -- a Igreja da Unificação -, à qual achava que o político pertencia.
A imprensa japonesa afirmou que se tratava de uma organização religiosa para a qual a mãe de Yamagami teria feito grandes doações, que deixaram a sua família em grandes dificuldades financeiras.
Também conhecida como 'seita Moon', a organização sul-coreana confirmou, em conferência de imprensa realizada hoje em Tóquio, que a mãe do suspeito é uma das suas seguidoras.
A filial japonesa desta seita não avançou pormenores sobre as doações da mãe do suspeito, garantindo, no entanto, que quer "cooperar" com a investigação policial, e que está horrorizada com o assassinato de Abe, sublinhando que ele nunca foi um dos seus membros ou conselheiros.
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