A moção de confiança passou com 172 votos a favor e 39 contra, mas os senadores do M5S -- uma das principais forças políticas a apoiar o Governo de coligação, que inclui partidos desde a extrema-direita à esquerda - se terem ausentado, depois de terem anunciado a sua abstenção por não estarem de acordo com um decreto de ajuda social perante a crise, que consideram ser insuficiente.
Draghi reuniu com o chefe de Estado de Itália, Sergio Mattarella, para decidir o futuro político do executivo, após ter anunciado que não estaria disponível para governar sem o apoio do M5S.
Draghi deixou claro que o movimento populista M5S é um parceiro de coligação essencial, mas ainda não se conhece como reagirá Mattarella a um eventual pedido de demissão.
O Presidente poderá pedir a Draghi que vá ao Parlamento nos próximos dias para perceber se ainda mantém intacto o apoio dos deputados que sustentam o seu Governo, para que se possa manter no cargo de primeiro-ministro, evitando a antecipação das eleições que estão marcadas para a próxima primavera.
Mattarella aposta no ex-presidente do Banco Central Europeu (BCE) para ajudar a Itália a atravessar a pandemia de covid-19 e para aproveitar os milhares de milhões de euros do Plano de Recuperação e Resiliência.
O M5S tem sido um aliado essencial da coligação de unidade nacional liderada por Draghi, que vai desde a extrema-direita até à esquerda, criando constantes momentos de instabilidade política.
Este movimento político radical tem vindo a perder apoio popular, o que tem levado a sua direção a tomar posições mais distantes do Governo que integra e suporta.
O decreto de ajuda social para lidar com o aumento de inflação, esta semana apresentado pelo Governo, serviu para o M5S se distanciar ainda mais da estratégia de Draghi, criticando a medida como sendo "insuficiente" para auxiliar os milhões de italianos que enfrentam a grave crise económica.
Esta semana, o líder do M5S, Giuseppe Conte, explicou que o voto de protesto não significa que o partido queira abandonar a coligação.
Mas aliados de Draghi, como Silvio Berlusconi, estão a pressionar o primeiro-ministro para validar a sua posição dentro da coligação, e a líder do partido radical Irmãos da Itália, Giorgia Meloni, a única oposição formal no Parlamento, já começou a falar da necessidade de provocar eleições antecipadas, para setembro.
A verificação solicitada por Berlusconi - à qual se juntou mais tarde o outro parceiro de extrema-direita da coligação, a Liga, de Matteo Salvini - também foi invocada nas últimas horas por outros membros do Governo, como o líder do Partido Democrático (PD), Enrico Letta, para tentar a possibilidade de manter Draghi no comando de um Governo sem o M5S.
Este cenário coloca-se apesar da insistência de Conte de que nada disto significa que o seu partido esteja a abandonar a coligação, insistindo em que "está absolutamente disponível para ajudar o primeiro-ministro", desde que numa "fase completamente nova de Governo", alegando que as medidas de ajuda social agora propostas "são insuficientes".
[Notícia atualizada às 17h07]
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