Estas declarações alinham-se com a retórica de Putin para justificar a invasão do país vizinho e a postura do líder supremo iraniano e mostram também os laços cada vez mais estreitos entre Moscovo e Teerão, visto que ambos os países enfrentam fortes sanções pelo Ocidente.
Os aliados da Aliança Atlântica reforçaram a sua presença militar na Europa Oriental e forneceram à Ucrânia armas para ajudar a combater o ataque russo, com Ali Khamenei a acusar o Ocidente de ser contra uma Rússia "independente e forte".
"Se o caminho estivesse livre para a NATO, esta não reconheceria nenhum limite e fronteira", salientou Khamenei a Putin, à margem da reunião do chamado Grupo de Astana, que junta Rússia, Turquia e Irão, e que decorreu em Teerão.
Na sua segunda viagem ao estrangeiro desde que a Rússia iniciou a operação militar na Ucrânia, no final de fevereiro, Putin debateu com o Presidente iraniano, Ebrahim Raisi e o Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, o conflito na Síria, onde os três países se comprometeram a combater o "terrorismo" naquele país afetado pela guerra.
A viagem serviu também para discutir uma proposta apoiada pela ONU para retomar as exportações de cereais ucranianos através do mar Negro, para aliviar a crise alimentar global.
A presença de Putin em Teerão tem também um significado simbólico para a política doméstica, pois demonstra a influência internacional da Rússia, cada vez mais isolada devido ao confronto com o Ocidente.
Poucos dias antes, o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, esteve em Israel e na Arábia Saudita, os principais rivais do Irão.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já matou mais de cinco mil civis, segundo a ONU, que alerta para a probabilidade de o número real ser muito maior.
A ofensiva militar russa causou a fuga de mais de 16 milhões de pessoas, das quais mais de 5,7 milhões para fora do país, de acordo com os mais recentes dados da ONU.
Também segundo as Nações Unidas, 15,7 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
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