"É um momento histórico para o país, pois marca a primeira vez que um membro da oposição é nomeado embaixador. Um cenário inimaginável, há poucos anos atrás", disse Mirko Manzoni, em comunicado distribuído hoje.
Para Manzoni, a indicação de Raul Domingos "é mais uma evidência dos avanços que têm sido feitos pelo Governo para construir um Moçambique mais inclusivo e é um exemplo do compromisso contínuo com o processo de paz e reconciliação nacional".
Para o enviado pessoal de António Guterres, a nomeação traduz a importância que o chefe de Estado moçambicano, Flipe Nyusi, atribui à inclusão no país, notando que esse empenho tem sido demonstrado na implementação do Acordo de Paz e Reconciliação Nacional assinado pelo Governo e a Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), principal partido da oposição, em 2019.
O Presidente moçambicano nomeou na segunda-feira Raul Domingos, antigo dirigente da Renamo, embaixador extraordinário e plenipotenciário na Santa Sé
Domingos foi chefe da equipa da Renamo nas negociações com o Governo da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), para o Acordo Geral de Paz, assinado em 1992, em Roma.
As negociações contaram com a mediação da Comunidade de Sant´Egídio, entidade ligada à Igreja Católica.
Após as primeiras eleições multipartidárias na história de Moçambique, em 1994, Raúl Domingos chefiou a bancada do principal partido da oposição na Assembleia da República, mas acabou sendo expulso da Renamo, após desentendimentos com o então líder do movimento Afonso Dhlakama, na sequência das eleições gerais de 1999.
Após a sua saída da Renamo, Domingos fundou o Partido para a Democracia e Desenvolvimento (PDD), uma força política extraparlamentar que nunca conseguiu eleger representantes para órgãos eletivos nacionais.
O político é conselheiro de Estado por nomeação do atual chefe de Estado moçambicano.
A sua nomeação para embaixador tem sido muito comentada no país, por ser a primeira vez que uma figura da oposição é apontada para um cargo do género e onde os lugares de topo na hierarquia do Estado moçambicano são quase exclusivamente ocupados por militantes da Frelimo
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