Dois ministros de Draghi abandonam partido de Berlusconi
Dois ministros da coligação governamental abandonaram hoje o partido Forza Italia depois de acusar o seu líder, Silvio Berlusconi, de ceder ao populismo da Liga (extrema-direita), de Matteo Salvini, e de ser, assim, responsável pela crise política em Itália.
© Roberto Serra - Iguana Press/Getty Images
Mundo Itália
O ministro da Administração Pública, Renato Brunetta, e a ministra dos Assuntos Regionais, Mariastella Gelmini, dois colaboradores próximos de Berlusconi, anunciaram nas últimas horas que abandonavam o Forza Italia (FI, centro-direita), alegando que o partido se desviou dos seus valores.
O primeiro-ministro italiano, Mario Draghi, voltou hoje a apresentar formalmente a demissão ao Presidente italiano, após ter perdido o apoio da coligação que o apoiava, tendo Sergio Mattarella respondido simplesmente ter "tomado nota" da decisão do chefe de Governo.
Na semana passada, o chefe de Estado recusou o primeiro pedido de renúncia de Draghi depois do Movimento 5 Estrelas (M5S, anti-sistema) ter anunciado abandonar a coligação governamental e instou então o primeiro-ministro a dirigir-se ao parlamento (na quarta-feira) para tentar reconstruir as alianças de poder.
Na quarta-feira, o Forza Italia e a Liga, que integram a atual coligação de Governo, rejeitaram apoiar no Senado a moção de confiança a Draghi.
"Ao não dar um voto de confiança a Mario Draghi, o meu partido desviou-se dos seus valores fundadores: europeísmo, atlanticismo, liberalismo, economia social de mercado, equidade. As pedras angulares da gloriosa história do Partido Popular Europeu", disse Brunetta, em declarações aos jornalistas.
Para o ministro agora demissionário, "a liderança cada vez mais estreita do FI entregou-se ao pior populismo, sacrificando um líder como Draghi, orgulho italiano no mundo, em nome do oportunismo eleitoral mais míope".
Gelmini, por sua vez, disse que o FI "está a dissipar-se dentro da nova direita 'trumpista' e 'lepenista'", numa referência ao ex-Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e à líder da extrema-direita francesa, Marine Le Pen.
Perante este cenário de crise, Berlusconi e Salvini defendem a convocação de eleições antecipadas, ao lado de Giorgia Meloni, a líder do partido da ultradireita italiana Irmãos da Itália (FdI), força política que atualmente lidera as intenções de voto do eleitorado italiano, de acordo com a maioria das sondagens.
"Não há um rosto de centro-direita. Veremos quando formos votar", disse 'o número dois' de Berlusconi, Antonio Tajani, perante a possibilidade de Meloni se tornar a próxima primeira-ministra de Itália, impondo o seu programa de extrema-direita no caso de vencer as eleições.
Tajani assegurou que a decisão de Brunetta e Gelmini de abandonarem o FI é "uma escolha individual" e insistiu que "o centro-direita terá um programa político em que a opção europeísta e atlanticista será fundamental", tendo os Estados Unidos como "principal interlocutor".
Sergio Mattarella receberá ainda hoje os presidentes das duas câmaras do parlamento italiano (Senado e Câmara dos Deputados) e irá avaliar o cenário de convocação de eleições antecipadas, após a renúncia de Draghi, que liderava uma coligação de unidade nacional desde fevereiro de 2021.
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