"O secretário-geral condena inequivocamente os ataques relatados hoje no porto ucraniano de Odessa", declarou Guterres num comunicado, acrescentando que "a plena implementação (do acordo) pela Federação da Rússia, Ucrânia e Turquia é imperativa".
O Governo ucraniano acusou a Rússia de "cuspir na cara" da ONU e da Turquia com o ataque lançado hoje contra o porto comercial de Odessa, uma infraestrutura chave para a exportação de cereais pelo Mar Negro.
Num comunicado citado pelo portal oficial Ukrinfrom, de Kiev, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia afirma que a Rússia deve assumir "toda a responsabilidade" se o acordo alcançado na sexta-feira em Istambul, entre Kiev e Moscovo, for quebrado.
"É um ataque de Vladimir Putin ao secretário-geral da ONU, António Guterres, e ao Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan", sustenta o porta-voz do ministério, Oleg Nikolenko, recordando o papel de Guterres e Erdogan enquanto supervisores do acordo.
As autoridades ucranianas relataram hoje um ataque russo ao porto comercial de Odessa, um ponto-chave para a exportação de cereais pelo Mar Negro.
"O inimigo atacou o porto marítimo comercial com mísseis de cruzeiro Kalibr. Dois mísseis foram intercetados pelas defesas ucranianas, enquanto dois atingiram a infraestrutura do porto", informaram fontes ucranianas de Odessa, citadas pelo portal Ukrinform.
A Ucrânia e a Rússia assinaram esta sexta-feira acordos separados com a Turquia e a ONU para desbloquear a exportação das toneladas de cereais atualmente bloqueadas nos portos do mar Negro.
Numa cerimónia realizada no Palácio Dolmabahçe, na cidade turca de Istambul, com a parceria da Turquia e da ONU, foram assinados dois documentos - já que a Ucrânia recusou assinar o mesmo papel que a Rússia - devendo o acordo vigorar durante quatro meses, sendo, no entanto, renovável.
Especificamente, o acordo permitirá que navios de carga exportem de três portos ucranianos - Odessa, Pivdennyi e Chornomorsk - cerca de 22 milhões de toneladas de trigo, milho e outros cereais armazenados em silos.
Leia Também: Portos ucranianos atingidos horas depois do acordo sobre os cereais