O Papa Francisco continua, esta terça-feira, a sua visita oficial pelo Canadá, país onde tem previsto visitar várias instituições, assim como encontrar-se com alguns responsáveis ligados aos povos indígenas, num gesto simbólico de reparação para com aqueles povos.
As visitas decorrem na sequência dos abusos levados a cabo pelos responsáveis canadianos entre o final do século XIX e os anos 1990. Durante esse período, cerca de 150 mil crianças indígenas foram obrigadas a trabalhar em mais de 130 instituições. Para além do trabalho forçado, ficaram isoladas das famílias, língua e cultura e, frequentemente, foram também vítimas de violência. Pelo menos, seis mil crianças morreram na sequência destes abusos.
No aeroporto de Edmonton, o chefe máximo da Igreja Católica protagonizou um momento que está a dar que falar quando beijou a mão de Alma Desjerlais, um gesto que era antes realizado perante as vítimas do Holocausto. Para além de ser responsável por um dos três maiores grupos indígenas canadianos, Alma é também uma das sobreviventes destes abusos.
A problemática gerou uma onda de choque no país depois da descoberta de mais de 1.300 sepulturas perto de uma das instituições para onde as crianças eram levadas.
Recentemente, o governo do Canadá admitiu ainda que para além da violência física, nas escolas cristãs - financiadas pelo Estado - houve também abusos sexuais entre o século XIX e os anos 70 do século passado.
"A reconciliação não é apenas o resultado dos nossos esforços. É um dom que flui a partir do Senhor na cruz. É uma calma que emana do Coração de Jesus, uma graça que tem que ser procurada", escreveu o Papa Francisco no Twitter na noite de segunda-feira.
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