O país da África Austral, de 2,3 milhões de pessoas, atingiu as metas 95/95/95 da ONU, até 2025: 95% das pessoas com VIH conhecem o seu estado de seropositividade, 95% das pessoas que sabem que são seropositivas têm acesso ao tratamento e 95% das pessoas em tratamento têm uma carga viral indetetável.
"O Botsuana está a fazer novos progressos históricos na luta contra o VIH", disse o presidente da Sociedade Internacional da SIDA (IAS), Sharon Lewin, numa conferência de imprensa em vídeo, durante a qual foram apresentados os resultados do estudo divulgado, antes de uma conferência global sobre a SIDA em Montreal.
O estudo conclui que o Botsuana está "bem colocado para pôr fim à sua epidemia de VIH até 2030". Em termos simples, estes são resultados verdadeiramente excecionais.
Cerca de uma em cada cinco pessoas no Botsuana vive com o vírus, uma das taxas mais altas do mundo, de acordo com a Agência das Nações Unidas para a SIDA (ONUSIDA).
Outro país da África Austral, o pequeno reino de Essuatíni, tinha-se tornado o primeiro país a atingir as metas da ONU 95/95/95 até 2020, de acordo com a ONUSIDA.
A África Oriental e Austral são as regiões do mundo mais afetadas pela pandemia, sendo responsáveis por mais de metade dos casos do mundo.
"Transformámos uma situação desesperada numa situação em que há esperança", disse o autor principal do estudo e virologista do Governo do Botsuana, Madisa Mine.
Recordou que quando começou a trabalhar na pandemia, há duas décadas, o país parecia estar "ameaçado de extinção" devido ao elevado número de casos.
O estudo, que ainda não foi revisto por pares nem publicado numa revista, baseia-se em entrevistas e análises de sangue de mais de 14.000 pessoas, com idades compreendidas entre os 15 e os 64 anos.
O diretor executivo-adjunto da ONUSIDA, Matthew Kavanagh, disse que o rápido progresso do Botsuana na luta contra a SIDA se deve a vários fatores, incluindo o investimento governamental e a rápida adoção dos autotestes.
Em 2002, o Botsuana foi o primeiro país africano a disponibilizar medicamentos antirretrovirais gratuitos, que ajudam a conter o vírus e a evitar que este infete outras pessoas.
O país legalizou as relações entre pessoas do mesmo sexo em 2019, uma medida que, para Kavanagh, "ajudou a colocar cada vez mais pessoas em tratamento".
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