De médico a líder da Al-Qaeda. Quem era o sucessor de Bin Laden?

Sucedeu a Bin Laden, em 2011, e era uma das pessoas mais procuradas do mundo. Morreu numa operação "bem-sucedida" dos EUA.

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© CNN via Getty Images

Márcia Guímaro Rodrigues
02/08/2022 08:51 ‧ 02/08/2022 por Márcia Guímaro Rodrigues

Mundo

Al Qaeda

Ayman al-Zawahiri, líder da organização terrorista Al-Qaeda desde 2011, foi morto durante o fim de semana, após uma operação antiterrorista “bem-sucedida” dos Estados Unidos da América no Afeganistão. Mas, quem era al-Zawahiri, que passou de médico a sucessor de Osama bin Laden?

Nasceu no Egito em 1951, filho de um médico famoso, e cresceu num bairro de classe alta no Cairo. O seu avô, Rabia’a al-Zawahiri, era uma “figura importante” da Universidade de al-Azhar, no Cairo, e o tio-avô, Abdel Rahman Azzam, foi secretário da Liga Árabe, conta a CNN International

Com apenas 15 anos, juntou-se à organização islâmica radical Irmandade Muçulmana. Na educação, quis seguir o pai e, em 1974, formou-se em Medicina pela Universidade do Cairo. Mais tarde especializou-se em cirurgia. 

Em 1981, esteve entre as centenas de pessoas que foram detidas por suspeitas de envolvimento na morte do presidente egípcio Muhammad Anwar Al Sadat, assassinado durante uma parada militar. 

Esteve detido durante três anos e, após ser libertado, viajou para a Arábia Saudita, os EUA e para o Paquistão, onde se estabeleceria em 1985. Segundo a agência de notícias Al Jazeera, al-Zawahiri serviu como médico para os jihadistas que lutavam contra os soviéticos, que, na época, ocupavam o Afeganistão. Lá, conheceu Bin Laden. 

Em 1991, passou a liderar a organização terrorista Jihad Islâmica Egípcia, que no final da década de 90 se juntou à Al-Qaeda. “Estamos a trabalhar com o irmão Bin Laden”, disse al Zahari, em maio de 1998. “Conhecemo-lo há mais de 10 anos. Lutámos com ele aqui no Afeganistão”. 

Além de co-fundador da Al-Qaeda, o egipcío atuou também como médico pessoal de Bin Laden. Juntos, assinaram uma ‘fatwa’ [declaração] onde se lia: “O julgamento de matar e lutar contra americanos e seus aliados, sejam civis ou militares, é uma obrigação de todos os muçulmanos”.

Seguiram-se atentados terroristas nas embaixadas dos EUA em Nairóni, no Quénia, e em Dar es Salaam, na Tanzânia. O presidente norte-americano da época, Bill Clinton, respondeu com ataques contra o Sudão e o Afeganistão e declarou Bin Laden como o principal inimigo do país, algo que, segundo especialistas, aumentou a popularidade da Al-Qaeda entre os muçulmanos de todo o mundo. O ponto culminante da organização terrorista ocorreu durante o atentado do 11 de Setembro de 2001, supervisionado por Bin Laden e al-Zawahiri.

Após a morte de Bin Laden, numa operação norte-americana no Paquistão, em 2011, o egípcio tornou-se o novo líder da Al-Qaeda e a pessoa mais procurada do mundo - o Departamento de Estado norte-americano oferecia até 25 milhões de dólares de recompensa por informações que levassem à sua captura. 

Durante a sua liderança da Al-Qaeda, especialistas apontam que Al-Zawahiri levou à organização terrorista capacidade tática e habilidades organizacionais necessárias para criar militantes numa rede de células em países de todo o mundo, ao passo que Bin Laden forneceu carisma e dinheiro.

A sua morte foi anunciada, na noite de segunda-feira, pelo presidente dos EUA, Joe Biden, que afirmou que uma operação antiterrorista permitiu “fazer justiça” ao eliminar um dos mentores do 11 de setembro.

“Esteve profundamente envolvido no planeamento dos ataques de 11 de setembro [de 2001]. Durante décadas foi responsável por orquestrar ataques contra cidadãos norte-americanos. Agora, foi feita justiça e este líder terrorista já não existe", frisou Joe Biden, numa declaração a partir da Casa Branca.

Os agentes dos serviços de informação norte-americanos rastrearam Al-Zawahiri, que se encontrava numa casa no centro de Cabul, escondido com a família. O chefe de Estado norte-americano aprovou a operação na semana passada, na segunda-feira, e esta foi executada no domingo de manhã.

O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, acusou o regime Talibã no Afeganistão de violar "grosseiramente" o acordo de Doha ao acolher o líder terrorista. Em comunicado, acusou ainda os talibãs de terem traído repetidas garantias ao mundo de que não permitiriam que o território afegão fosse utilizado por terroristas para ameaçar a segurança de outros países.

Leia Também: Arábia Saudita saúda anúncio da morte do líder da Al-Qaeda

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