Estas centrais "só são relevantes para a produção de eletricidade e apenas para uma pequena parte", mas "ainda podem fazer sentido", afirmou o chanceler alemão.
A Alemanha tinha decidido eliminar gradualmente a energia nuclear até ao final deste ano, mas a escassez de entregas de gás russo ao país europeu trouxe de volta a questão de manter as últimas centrais a operar por mais tempo.
Berlim deve decidir nas próximas semanas sobre uma possível extensão da operação dessas centrais nucleares.
Uma vez conhecidos os resultados do "teste de stress" será "possível tirar conclusões", afirmou Olaf Scholz, em Mülheim an der Ruhr (oeste da Alemanha), onde está a visitar a empresa Siemens Energy, que reparou uma turbina de gás para equipar um gasoduto russo.
Durante a visita, Olaf Scholz acusou a Rússia de ser responsável por bloquear a entrega da turbina, sem a qual o gasoduto Nord Stream 1 - que fornece gás à Europa - não pode, segundo alega Moscovo, funcionar normalmente.
"Não há razão nenhuma que impeça a entrega" da turbina, disse o chanceler, depois de a Rússia ter cortado o volume das suas entregas de gás, argumentando que precisava da turbina.
A Moscovo só tem de "fornecer as informações alfandegárias necessárias para o seu transporte para a Rússia", defendeu Scholz.
A questão de prolongar o uso das centrais nucleares divide a coligação de Governo, com os Verdes a mostrarem ceticismo, o Partido Social Democrata, de Olaf Scholz, posicionar-se de uma forma mais reservada e os liberais do FDP a defenderem a manutenção deste tipo de energia.
A continuidade da operação das centrais nucleares também é defendida pela conservadora União CDU-CSU, na oposição.
A abertura da porta à manutenção da operação nuclear na Alemanha foi explicada por Scholz com o facto de o desenvolvimento de energias renováveis, que deveriam substituir a energia nuclear e o carvão, estar a ser mais lento do que o esperado.
As três centrais nucleares ainda ativas - na Baviera, Baixa Saxónia e Baden-Württemberg -- fornecem atualmente 6% da eletricidade consumida na Alemanha.
A Rússia reduziu o volume das suas de gás à Europa em junho e julho, argumentando que o gasoduto não poderia funcionar normalmente sem que uma turbina fosse reparada no Canadá e garantindo que a turbina não tinha voltado ainda a Moscovo por causa das sanções impostas pelo Ocidente após o ataque russo à Ucrânia.
A Alemanha e o Canadá concordaram em levar o equipamento de volta à Rússia, mas a turbina ainda não chegou ao seu destino final.
Para Berlim, a Rússia está apenas a usar "um pretexto" para justificar aquilo que é "uma decisão política", com o objetivo de pressionar os ocidentais no contexto da guerra na Ucrânia.
Segundo disse Scholz, Moscovo está, no entanto, a enviar uma "mensagem complicada" para o mundo inteiro ao lançar dúvidas sobre a sua vontade de "manter os seus compromissos" no futuro.
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