Mali. "Aumento de ataques" justifica reforço das "missões internacionais"

O chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Josep Borrell, considerou hoje que os recentes ataques terroristas no Mali demonstram ser necessárias "melhores condições para reforçar a eficácia das missões internacionais", visando o combate ao terrorismo no Sahel.

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© OLIVIER MATTHYS/POOL/AFP via Getty Images

Lusa
11/08/2022 15:35 ‧ 11/08/2022 por Lusa

Mundo

Josep Borrell

"O aumento dos ataques terroristas [no Mali] mostra que é mais necessário do que nunca manter as melhores condições para reforçar a eficácia das missões internacionais envolvidas na luta contra o terrorismo no Sahel", escreveu Josep Borrell, numa publicação na sua conta oficial na rede social Twitter.

A posição do Alto Representante da UE para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança surge depois de, na quarta-feira, as autoridades malianas terem decretado três dias de luto nacional após dois ataques terroristas terem matado dezenas de militares e polícias naquele país da África Ocidental.

O exército do Mali informou que um ataque, no domingo, na região norte de Gao matou 42 soldados, adiantando em comunicado que este foi realizado por extremistas islâmicos que usaram drones, artilharia e viaturas armadilhadas.

No mesmo dia, cinco polícias foram mortos no sul do país, quando radicais atacaram uma esquadra perto da fronteira com o Burkina Faso, sendo que três outros agentes continuam desaparecidos após a ofensiva à esquadra da polícia da fronteira de Sona, de acordo com o diretor-geral da polícia nacional, Soulaimane Traore.

Na segunda-feira, terroristas do Grupo de Apoio ao Islão e aos Muçulmanos, filiado no grupo terrorista Estado Islâmico, reivindicaram a responsabilidade dos ataques.

O Mali e os seus parceiros internacionais têm lutado contra extremistas islâmicos há quase uma década e a situação revelou sinais de deterioração depois de França ter começado a retirar as suas tropas após uma série de disputas com o Governo maliano.

Em 2013, a França liderou uma operação militar para expulsar militantes islâmicos do poder nas principais cidades do norte do Mali, mas os 'jihadistas' reagruparam-se e começaram a realizar ataques no sul contra os militares e as forças de paz das Nações Unidas.

O plano francês de retirada aconteceu depois da junta militar liderada pelo coronel Assimi Goïta ter realizado dois golpes de Estado num período de nove meses em 2020 e 2021 e da presença no país do grupo paramilitar russo Wagner.

A UE já veio denunciar a presença de mercenários do grupo russo de segurança privada Wagner em diferentes países africanos, que compromete o trabalho realizado há anos para fortalecer a defesa dos Estados severamente afetados pelo terrorismo 'jihadista'.

Enfraquecida pela crise do Sahel, a África Ocidental foi ainda mais desestabilizada pelos golpes militares que ocorreram sucessivamente no Mali (agosto de 2020 a maio de 2021), Guiné-Conacri (setembro de 2021) e Burkina Faso (janeiro de 2022).

Em maio passado, o Parlamento Europeu manifestou preocupação com o aumento da instabilidade na África Ocidental e no Sahel, nomeadamente pela crescente presença de grupos terroristas na região, condenando a violência e exigindo um "rápido regresso à ordem constitucional".

Leia Também: Mali recebe equipamentos incluindo cinco aviões e um helicóptero russos

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