Zaporíjia. Zelensky exige a Guterres que ONU garanta segurança da central
A Ucrânia quer que as Nações Unidas garantam a desmilitarização da central nuclear de Zaporijia, que está sob controlo russo, disse o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, após um encontro com o secretário-geral da ONU, António Guterres.
© Getty Images
Mundo Ucrânia/Rússia
Na reunião com Guterres, realizada na cidade ucraniana de Lviv, Zelensky acusou a Rússia de fazer chantagem com a segurança da central nuclear de Zaporijia (sudeste da Ucrânia), segundo relatou na rede social Telegram.
Zelensky disse que o clima de "terror deliberado da parte do agressor pode ter consequências catastróficas a nível global" no caso de um acidente nuclear na central, a maior do género na Europa.
"A ONU tem de garantir a segurança deste ativo estratégico [central nuclear de Zaporijia], a sua desmilitarização e completa libertação das tropas russas", defendeu.
A Rússia rejeitou hoje propostas para desmilitarizar a área em torno da central nuclear de Zaporijia, que considerou como inaceitáveis.
"As propostas de desmilitarização de uma área em redor da central nuclear de Zaporijia são inaceitáveis", disse hoje o porta-voz da diplomacia russa Ivan Nechaev.
Para Moscovo, implementação de tais propostas "tornará a central muito mais vulnerável", acrescentou.
As forças russas controlam a central de Zaporijia, mas ambas as partes acusam-se mutuamente de ataques que podem provocar um desastre nuclear.
A Ucrânia tem quatro centrais nucleares em funcionamento, com um total de 15 reatores, seis dos quais na de Zaporijia.
Zelensky disse também que ele e Guterres concordaram em prosseguir com a implementação do acordo que permitiu o restabelecimento da exportação de cereais ucranianos que estavam bloqueados desde o início da guerra na Ucrânia, em 24 de fevereiro.
O acordo, celebrado no final de julho, envolve a Ucrânia, a Rússia, a Turquia e a ONU.
O Ministério da Defesa turco anunciou hoje que o acordo permitiu que 622.000 toneladas de cereais chegassem aos mercados mundiais.
Segundo as autoridades turcas, desde início de agosto, 25 navios partiram dos portos ucranianos do Mar Negro carregados de cereais, enquanto outros 18 atracaram em docas ucranianas.
Além do encontro com Guterres, Zelensky reuniu-se em Lviv com o Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan.
Após os encontros bilaterais, realizou-se uma reunião entre Zelensky, Erdogan e Guterres.
Erdogan viajou para Lviv com os ministros turcos da Defesa, dos Negócios Estrangeiros, da Energia e Recursos Naturais, da Agricultura e Florestas, e do Comércio, bem como o chefe da Organização Nacional de Inteligência.
Numa nova publicação no Telegram, Zelensky disse que a visita de Erdogan, a primeira do Presidente turco à Ucrânia desde o início da guerra, significa uma "mensagem poderosa" de apoio.
Disse que falou com Erdogan sobre formas de melhorar o mecanismo de exportação de cereais, do "roubo em larga escala" de cereais pelas tropas russas, da situação na central nuclear de Zaporijia e sobre cooperação bilateral em matéria de defesa.
"Estou certo de que a futura expansão da cooperação entre a Ucrânia e a Turquia fortalecerá ambas as partes", acrescentou.
No exterior do palácio de Potocki, local da reunião, concentrou-se um grupo de familiares e amigos dos militares ucranianos feitos prisioneiros pelos invasores russos na fábrica Azovastal, em Mariupol (sul), para pedir ao secretário-geral da ONU que interceda a favor destes, de acordo com a EFE.
Os manifestantes pretendem que os líderes mundiais persuadam o Presidente russo, Vladimir Putin, a permitir que a Cruz Vermelha e a ONU tenham acesso aos locais de cativeiro dos prisioneiros de Azovastal para verificar as suas condições e acertar os termos da sua libertação.
Oksana Dubyk, mulher de um dos prisioneiros ucranianos disse à EFE que estava dececionada com a "inércia" e a "impotência" demonstradas pela ONU e pela Cruz Vermelha, mas mostrou-se esperançosa de que António Guterres "finalmente acorde" e comece a ajudar os prisioneiros ucranianos.
A Rússia invadiu a Ucrânia em 24 de fevereiro deste ano, desencadeando uma guerra que, ao fim de quase seis meses, não tem ainda perspetivas de terminar.
Desconhece-se o número de baixas civis e militares, mas diversas fontes, incluindo a ONU, têm alertado que será elevado.
A guerra provocou também 12 milhões de refugiados e de deslocados internos.
A generalidade da comunidade internacional condenou a Rússia pela invasão da Ucrânia.
A União Europeia e países como os Estados Unidos, o Reino Unido ou o Japão têm decretado sucessivos pacotes de sanções contra interesses russos e fornecido armas à Ucrânia.
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