De acordo com um alto funcionário norte-americano, Teerão abandonou a sua intenção de bloquear algumas inspeções da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), um assunto altamente sensível de ambos os lados, sem, no entanto, especificar quais.
"Além das restrições ao programa nuclear que o Irão teria de implementar, a AIEA poderia mais uma vez supervisionar o regime de inspeção mais drástico de todos os tempos", disse o funcionário sob condição de anonimato devido à natureza sensível das negociações.
As inspeções internacionais "vão permanecer em vigor por um período indefinido", se forem acordadas, acrescentou.
Os iranianos exigiram que a AIEA cesse a sua investigação de locais não declarados no Irão, onde foram encontrados vestígios de urânio enriquecido.
O Irão já havia abandonado outro requisito, relacionado com o levantamento da designação da Guarda Revolucionária, o exército ideológico da República Islâmica, como organização terrorista.
Essa exigência, à qual Teerão vinculava qualquer acordo há meses, foi categoricamente recusada pelos Estados Unidos.
As negociações nucleares iranianas, iniciadas há 16 meses, mas que haviam sido suspensas e retomadas no início de agosto, visam salvar o acordo internacional concluído em 2015 com o regime de Teerão pelos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU (China, Estados Unidos, França, Reino Unido e Rússia) mais a Alemanha, da qual Washington se retirou em 2018 sob a presidência de Donald Trump.
Na segunda-feira, o Irão criticou os norte-americanos pelo "atraso" em dar o seu parecer sobre as propostas iranianas face ao "texto final" apresentado recentemente pela União Europeia para retomar o acordo sobre o programa nuclear iraniano.
"É importante o atraso do lado dos EUA em dar a sua resposta, [enquanto] nós reagimos a tempo", disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros iraniano, Nasser Kanani, na habitual conferência de imprensa semanal.
Em 16 de agosto, a União Europeia (UE) e os EUA anunciaram estar a rever a resposta de Teerão a um "texto final" proposto pelos europeus, depois de o Irão ter dito que tinha apresentado as suas "propostas finais".
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