Zelensky pede apoio português a restrições de vistos a cidadãos russos

O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, pediu hoje ao chefe da diplomacia portuguesa, João Gomes Cravinho, o apoio de Portugal à imposição de restrições de vistos a cidadãos da Federação Russa, anunciou o gabinete do líder ucraniano.

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Lusa
24/08/2022 17:51 ‧ 24/08/2022 por Lusa

Mundo

Rússia/Ucrânia

O pedido foi feito durante a reunião que Zelensky manteve em Kyiv com Cravinho, durante a qual "houve uma troca de pontos de vista" sobre a continuação do apoio de Portugal ao "reforço da capacidade de defesa [da Ucrânia] e ao aumento da pressão das sanções sobre a Rússia".

"Em particular, o chefe de Estado apelou à introdução de restrições em matéria de vistos contra cidadãos da Federação Russa", disse a presidência ucraniana.

Zelensky tem pedido que a restrição de vistos a turistas russos faça parte dos pacotes de sanções internacionais contra Moscovo por ter invadido a Ucrânia, em 24 de fevereiro.

O chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, já se pronunciou contra a proposta, que também foi recusada pelos Estados Unidos.

No início de agosto, a Letónia começou a aplicar medidas restritivas na concessão de vistos a cidadãos da Federação Russa.

No encontro com Cravinho, segundo a presidência ucraniana, Zelensky agradeceu a Portugal o facto de ser um dos primeiros países a aderir à recuperação da Ucrânia.

"É um dos primeiros Estados que, na realidade, já adere ao programa de recuperação da Ucrânia. Estamos gratos por isso", disse.

Zelensky referia-se à decisão de Portugal de participar na reconstrução de escolas na região de Jitomir, a cerca de 150 quilómetros a oeste de Kyiv, onde Cravinho se deslocou.

Cerca de 70 estabelecimentos de ensino foram destruídos em Jitomir desde o início da guerra.

Os dois políticos falaram também sobre a recuperação das escolas nas cidades de Irpin e Bucha, perto da capital Kyiv, com apoio do município de Cascais.

"A restauração das instituições educacionais que devolve os nossos alunos à escola, os estudantes às universidades e as crianças aos jardins-de-infância é para nós uma prioridade", disse Zelensky.

"Este é o primeiro passo para a restauração do nosso Estado", acrescentou.

Zelensky referiu-se também à participação de Portugal na segunda cimeira da Plataforma da Crimeia, realizada na terça-feira, por videoconferência, depois de Cravinho ter participado na primeira edição em Kiev, há um ano.

O líder ucraniano destacou a importância de manter a questão da desocupação da Crimeia na agenda internacional.

A Rússia anexou a península ucraniana da Crimeia em 2014.

João Gomes Cravinho viajou para Kyiv para manifestar a solidariedade de Portugal ao povo ucraniano, que hoje celebra o 31.º aniversário da independência.

A data coincide com a passagem dos primeiros seis meses da guerra que a Rússia desencadeou em 24 de fevereiro.

"Estamos gratos por ter chegado sem prestar atenção às sirenes. Estou contente por haver cada vez mais pessoas e Estados que não têm medo da agressão russa à Ucrânia", disse Zelensky ao ministro português, citado pelo seu gabinete.

Sobre o encontro com Zelensky, Cravinho disse aos jornalistas portugueses em Kyiv que o chefe de Estado lhe transmitiu "alguns pedidos de natureza militar", que incluem a possibilidade de fornecimento de fardas ao exército ucraniano.

"Irei partilhar [esses pedidos] com a minha colega [da Defesa] e com o senhor primeiro-ministro", disse João Gomes Cravinho, manifestando que Portugal está sempre disponível para estudar as possibilidades de novos apoios.

Além de Zelensky, Cravinho reuniu-se com o seu homólogo ucraniano, Dmytro Kuleba, e visitou depois a cidade de Irpin, próximo de Kyiv, uma das mais atingidas pela artilharia russa nos primeiros dias da invasão.

Em Irpin, Cravinho lembrou que Portugal "está a colaborar com o Tribunal Penal Internacional e com a Procuradoria-Geral ucraniana" na investigação de crimes de guerra alegadamente cometidos pelas forças russas.

Irpin foi uma das localidades da Ucrânia onde o exército ucraniano travou o avanço das forças de Moscovo até Kyiv, a cerca de 20 quilómetros.

Classificada como "cidade heroica", Irpin tem sido visitada nos últimos meses por vários líderes internacionais, incluindo o secretário-geral da ONU, António Guterres.

O primeiro-ministro português, António Costa, também se deslocou a Irpin em maio, onde testemunhou o rasto de destruição provocado pelos violentos combates ali travados.

Leia Também: João Gomes Cravinho visita Irpin e condena "crimes de guerra"

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