O ativista palestiniano Khalil Awawdeh, um de vários cidadãos detidos por Israel sem qualquer acusação pendente ou julgamento, estará perto de morrer devido à greve de fome que já dura há 160 dias, anunciou esta quarta-feira o seu advogado.
Awawdeh, de 40 anos, foi detido em dezembro de 2021. O regime israelita, que já foi acusado por várias organizações não-governamentais de deter ilegalmente cidadãos palestinianos, recusa divulgar quaisquer detalhes sobre a detenção, alegando que os tribunais militares "determinaram que o material confidencial revela que a libertação ameaça a segurança da região".
Em março, à semelhança do que têm feito vários palestinianos detidos por Israel, Khalil Awawdeh declarou que iria iniciar uma greve de fome, existindo a sua libertação e contestando a legalidade da prisão.
Desde então, o seu advogado, Ahlam Haddad, citado pela Reuters, diz que este tem sobrevivido apenas à base de água, tendo perdido 45 quilos e pesando agora 40, tirando um breve período de duas semanas para receber suplementos.
🇵🇸#Palestine | "Freezing the administrative detention isn't the end of it, so I'll keep my hunger strike until I receive a decision of release," Palestinian detainee Khalil Awawdeh said in an interview in the hospital.#FreeKhalil
— 🇵🇸🇹🇳تونسية حرة (@TunisienneMarwa) August 20, 2022
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Depois de ter mediado um cessar-fogo entre Israel e o Hamas, acordado aquando de mais uma vaga de violência e bombardeamentos israelitas na Faixa de Gaza, que mataram dezenas de civis, o Egito tenta agora garantir a libertação do ativista.
No entanto, Israel mantêm-se convicta de que o palestiniano, às portas da morte e extremamente debilitado, deve continuar detido, sem mencionar o porquê.
À Reuters, Khalil Awawdeh contou que sente que o seu corpo está a "consumir-se internamente". A agência descreve-o numa cama de hospital, frágil e de tom fraco, mas Awawdeh terá dito que "o apoio, a prontidão e paciência de Deus" permitir-lhe-ão continuar a sua reivindicação.
Na sexta-feira, o exército israelita suspendeu a ordem de detenção administrativa (nome dado à condição de detenção destes palestinianos sem acusação), permitindo o transporte do ativista para um hospital. No entanto, este continua impedido de sair.
A família de Khalil Awawdeh mantêm o seu apoio da luta do palestiniano, mas continua a não o poder visitar, já que o estado israelita lhes recusa permissão para sair de Hebron, uma cidade palestiniana na Cisjordânia ocupada por Israel.
Awawdeh, tal como figuras como Raed Rayyan e Alaa Abd El Fattah (este último em greve de fome há mais de 140 dias), pode tornar-se em mais um símbolo da opressão israelita contra o povo palestiniano. Décadas de construção forçada de colonatos em territórios ocupados e de restrição de movimentos na Faixa de Gaza, um enclave onde vivem mais de dois milhões de palestinianos em condições paupérrimas, levaram a que várias organizações não-governamentais de defesa dos direitos humanos passassem a considerar Israel como um regime de "apartheid".
Fora da Faixa de Gaza, palestinianos são removidos das suas casas e têm dificuldades em ter uma vida normal, já que muitos aspetos da sociedade, desde créditos bancários a casamentos, são limitados, além das manifestações de apoio pelo povo palestiniano são muitas vezes proibidas ou dispersas.
Este verão, depois de um ano de 2021 marcado por enorme violência, bombardeamentos em Gaza e mais de 200 palestinianos mortos, as alterações repetiram-se: se, do lado do Hamas (que governa o enclave), foram disparados rockets que pouco efeito surtiram perante o sistema antiaéreo avançadíssimo de Israel (conhecido como 'Iron Dome'), do lado de Israel foram disparadas mais bombas, que mataram inclusive um grupo de crianças num cemitério, a lamentar a morte de outra pessoa.
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