Uma ‘sniper’ ucraniana e o marido, que lutam na linha da frente pelas forças armadas do país, já resgataram dezenas de animais de estimação abandonados nos campos de batalha, desde o brotar do conflito.
Oksana Krasnova, de 27 anos, usa o seu próprio salário para adquirir comida e cuidar dos animais, antes de providenciar o seu transporte em veículos militares até a capital ucraniana, para serem realojados.
A jovem, que trabalhava como advogada em Kyiv antes do início da guerra, luta pelo país com o marido, Stanislav Krasnov, de 35 anos, na região de Donetsk. O casal já resgatou mais de 30 animais, ao passar pelas aldeias abandonadas.
“Adoro animais, e costumava ajudar a resgatar animais com o meu marido mesmo antes da invasão russa”, revelou Oksana, em declarações à agência britânica PA.
A ‘sniper’ revelou também ter os seus próprios animais que, agora, se encontram sob os cuidados dos pais, na capital ucraniana. “Nunca pensaria em abandoná-los”, complementou.
O primeiro animal que salvou na linha da frente foi o resgate que, até à data, mais a marcou. Tratava-se de uma pequena cadela preta, presa num edifício abandonado, que estava “claramente traumatizada”.
“Penso que já estaria ali há cerca de um mês – foi horrível”, confessou, acrescentando que o animal estaria a alimentar-se de batatas cruas, até ser resgatado.
Quando foi descoberta, a cadela “estava deitada no chão”, pelo que o casal colocou “uma almofada debaixo da sua cabeça”, ao mesmo tempo que o animal “latia, chorava e espumava pela boca”.
“Tivemos de empurrá-la para uma caixa, e transportá-la no nosso veículo militar. Ela estava a ter convulsões, e não achámos que sobreviveria”, contou.
Contudo, Oksana alimentou-a de hora a hora e vigiou-a de perto, até que a sua saúde começou a melhorar.
“Temos um amigo com alguns voluntários, em Kyiv, que trabalham com animais traumatizados. Ele acolheu a cadela”, disse, revelando que o animal está, agora, com uma família adotiva.
Ainda que o casal resgate maioritariamente cães e gatos, já ajudaram também animais de porte pequeno, como coelhos e pássaros, que, normalmente, voltam a libertar quando recuperam a saúde.
Neste momento, Oksana e Stanislav estão a cuidar de uma vara de porcos, assegurando que estão seguros e que têm comida suficiente.
“Os animais que resgatamos mostram-se muito agradecidos. Às vezes é muito difícil dizer adeus, porque passo tanto tempo a cuidar deles. Mas sinto-me aliviada por saber que não passarão fome ou sofrerão novamente”, rematou.
Leia Também: Ucrânia desmantela rede de agentes pró-russos em Kyiv