Coordenadora da ONU chocada com bombardeamento de estação ferroviária

A coordenadora humanitária da ONU na Ucrânia, Denise Brown, declarou-se hoje "verdadeiramente chocada" com o ataque de mísseis russo que na quarta-feira matou e feriu civis junto à estação ferroviária de Chaplyne, no centro do país.

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Lusa
25/08/2022 21:28 ‧ 25/08/2022 por Lusa

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Ucrânia/Rússia

"Foram mortas crianças neste ataque, e elas morreram em locais onde esperavam estar a salvo, nas suas casas ou viajando com as respetivas famílias (...) Em nome das Nações Unidas e da comunidade humanitária na Ucrânia, envio as nossas sentidas condolências àqueles que perderam os seus entes queridos e desejo uma rápida recuperação aos feridos", disse Denise Brown, num comunicado do Gabinete da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários.

O ataque russo com mísseis à estação ferroviária da região de Dnipropetrovsk, no centro da Ucrânia, foi denunciado na quarta-feira pelo próprio Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que, ao iniciar o seu discurso por videoconferência perante o Conselho de Segurança da ONU, indicou que pelo menos 15 pessoas tinham morrido e cerca de 50 ficado feridas -- um balanço hoje atualizado pelas autoridades nacionais para 25 mortos e 31 feridos.

De acordo com Denise Brown, "as perdas humanas do ataque de Chaplyne são apenas mais um exemplo do nível de sofrimento que esta guerra está a causar ao povo da Ucrânia".

"Ontem (quarta-feira), vários outros ataques em todo o país também mataram civis. Nos últimos dias, também se assistiu a intensos bombardeamentos de cidades na linha da frente, entre as quais Nikopol e Zelenodolsk, [também] na região de Dnipropetrovsk, onde as hostilidades deixaram um rasto de destruição, com dúzias de casas destruídas, além de escolas, lojas e farmácias", prosseguiu a responsável na nota de imprensa.

Indicando que "nos seis meses desde a invasão da Rússia, a Ucrânia continua a ver os seus entes queridos mortos, feridos e traumatizados e as suas casas, escolas e hospitais atacados", Denise Brown defendeu que "contudo, em tempos de guerra, os civis e as infraestruturas civis devem ser protegidos".

Deixou, por isso, um apelo a "todas as partes, sem exceção", para que "respeitem as obrigações a que estão vinculadas nos termos do direito internacional humanitário e adotem constantes precauções para poupar as vidas e as infraestruturas civis, para que estas estejam protegidas, as suas casas preservadas e os serviços essenciais mantidos".

A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de quase 13 milhões de pessoas -- mais de seis milhões de deslocados internos e quase sete milhões para os países vizinhos -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções em todos os setores, da banca à energia e ao desporto.

Na guerra, que hoje entrou no seu 183.º dia, a ONU apresentou até agora como confirmados 5.587 civis mortos e 7.890 feridos, sublinhando que os números reais são muito superiores e só serão conhecidos no final do conflito.

Leia Também: Rússia alega que ataque a estação tinha como alvo comboio militar

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