Rússia recusa acusação dos EUA sobre 21 "campos de filtragem" em Donetsk
A Rússia recusou hoje a existência de 21 "campos de filtragem" de civis e prisioneiros ucranianos na região separatista de Donetsk, no leste da Ucrânia, mencionada num novo relatório norte-americano.
© Getty Images
Mundo Ucrânia/Rússia
O programa 'observatório de conflitos', apoiado pelo Departamento de Estado norte-americano, divulgou na quinta-feira um relatório onde é referido que existe um "sistema de filtragem" criado pela Rússia antes da invasão da Ucrânia e que cresceu após a captura de Mariupol (sul) em abril.
Em Donetsk, operam pelo menos 21 instalações que fazem parte do sistema de escolha, refere o relatório elaborado pelo Yale Humanitarian Research Lab, baseado em imagens de satélite, análise de dados e com a confirmação de pelo menos cinco fontes independentes.
Tendo em conta os testemunhos obtidos, nestes campos os militares russos obrigam os ucranianos a despirem-se, procuraram tatuagens ou marcas na pele, como hematomas, e verificam também os seus telemóveis para quaisquer símbolos nacionalistas da Ucrânia.
De acordo com a organização não-governamental ucraniana Media Initiative for Human Rights (MIHR), há pelo menos 18 "campos de filtragem" e dezenas de milhares de ucranianos já passaram por estes centros, desde o início da ofensiva russa.
Hoje, a Embaixada da Rússia nos Estados Unidos (EUA) acusou hoje o Departamento de Estado de "continuar a espalhar especulações" sobre 'campos de filtragem' e o envolvimento das Forças Armadas russas na destruição de instituições educacionais, médicas e culturais "na República Popular de Lugansk", designação usada por Moscovo para as zonas de território ucraniano sob controlo das suas forças e de separatistas pró-russos.
"Esta é outra falsificação destinada a desacreditar a operação militar especial russa", continuou a declaração.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de quase 13 milhões de pessoas -- mais de seis milhões de deslocados internos e quase sete milhões para os países vizinhos -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções em todos os setores, da banca à energia e ao desporto.
Os meios de comunicação social internacionais também recolheram, nos últimos seis meses, testemunhos de pessoas que mencionavam "campos de filtragem" ou de interrogatório de civis.
Quer o observatório, quer o Departamento de Estado norte-americano exortaram a Rússia a "interromper imediatamente as suas operações de filtragem e deportações forçadas e a fornecer a observadores externos independentes acesso a instalações identificadas e áreas de realocação de deportação forçada dentro das áreas controladas pela Rússia da Ucrânia e dentro da própria Rússia".
O 'observatório de conflitos' salienta ainda que as condições destes espaços, segundo relatos de testemunhas libertadas das instalações, pode "constituir tratamento cruel, desumano e degradante sob o direito internacional humanitário e de direitos humanos".
"Essas condições incluem instalações superlotadas, falta de acesso a saneamento adequado, alimentação insuficiente e água potável, exposição aos elementos, negação de assistência médica e uso de isolamento. Em alguns casos específicos, o tratamento descrito como sofrido pelos libertados, como o uso de choques elétricos, condições extremas de isolamento e agressão física, pode constituir tortura se comprovado", aponta.
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