Rússia bloqueia acordo na revisão do Tratado de Não Proliferação Nuclear

A Rússia bloqueou na sexta-feira um acordo na 10.ª conferência de revisão do Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP), sobretudo em questões ligadas à invasão da Ucrânia e à ocupação da central nuclear de Zaporíjia.

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Lusa
27/08/2022 06:30 ‧ 27/08/2022 por Lusa

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Nuclear

No final de quase um mês de discussões, e depois de várias horas de prolongado debate em busca de um consenso, a conferência encerrou sem adotar o documento final devido às objeções russas.

A delegação de Moscovo foi a única a tomar a palavra na sessão final para se opor ao último projeto apresentado pelo presidente da conferência, o argentino Gustavo Zlauvinen, e que os restantes 191 signatários do TNP estavam dispostos a aceitar.

A Rússia alegou que, de todo o extenso documento, só tinha problemas com cinco parágrafos por considerar "serem politizados".

Apesar de a delegação russa não ter indicado quais, fontes diplomáticas disseram que as divergências, surgidas nas últimas horas, centraram-se nas referências à situação na central nuclear ucraniana em Zaporíjia e na necessidade do controlo ser devolvido às autoridades competentes.

Esta central, a maior da Europa, foi tomada pelas tropas russas no início da guerra e nos últimos dias tem sido alvo de repetidos ataques, dos quais Moscovo e Kyiv se acusam mutuamente, que suscitaram alarmes sobre um possível desastre.

A ampla declaração final negociada como conclusão da conferência reviu a implementação do TNP e estabeleceu prioridades para o futuro, numa altura em que a ONU advertiu que o risco de conflito nuclear está no ponto mais alto em décadas.

"Estamos num momento da história em que o nosso mundo está cada vez mais embalado pelo conflito e, o mais alarmante, pela perspectiva crescente do impensável: a guerra nuclear. Neste momento, é imperativo que procuremos ampliar o que nos une, não o que nos divide", disse o presidente da conferência, minutos antes de a Rússia ter bloqueado o texto.

Embora a guerra na Ucrânia tenha tornado esta reunião particularmente complicada, não é a primeira vez que a revisão periódica do TNP é encerrada sem consenso, como aconteceu na última edição, realizada há sete anos.

Leia Também: Medvedev. "Renunciar à NATO é vital, mas não é suficiente para a paz"

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