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Kyiv acusa Moscovo de tentar forçar missão da AIEA a passar na Crimeia

A Ucrânia acusou hoje a Rússia de estar a bombardear deliberadamente os corredores de segurança até à central nuclear de Zaporijia para obrigar os inspetores da ONU a passar pela Crimeia, sob controlo russo desde 2014.

Kyiv acusa Moscovo de tentar forçar missão da AIEA a passar na Crimeia
Notícias ao Minuto

14:44 - 30/08/22 por Lusa

Mundo Ucrânia

A missão de 14 peritos da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) já terá chegado a Kyiv, segundo a televisão norte-americana CNN, e deveria viajar até Zaporijia, no sudeste da Ucrânia, através de território controlado pelas forças ucranianas.

"A Rússia está deliberadamente a bombardear os corredores através dos quais a missão da AIEA deverá chegar" à central de Zaporijia, disse o chefe dos conselheiros da Presidência ucraniana, Mikhailo Podoliak, na rede social Twitter.

"Tudo é previsível" na atitude de Moscovo, considerou Podoliak, reafirmando que a posição da Ucrânia permanece inalterada.

"O acesso [dos peritos à central de Zaporijia] faz-se apenas através do território controlado da Ucrânia", disse o principal conselheiro do Presidente Volodymyr Zelensky.

Na segunda-feira, o porta-voz da Presidência russa (Kremlin), Dmitri Peskov, disse que os peritos da AIEA chegarão à central "a partir de uma área controlada pelas forças armadas ucranianas".

"Ali, tanto quanto sabemos, a segurança será proporcionada pelos ucranianos", afirmou.

Segundo Peskov, Moscovo garantirá a segurança da missão nas áreas controladas pelas suas forças, "tendo em conta os riscos (...) ligados ao bombardeamento incessante pelos ucranianos".

A equipa de 14 peritos é chefiada pelo próprio diretor-geral da AIEA, o diplomata argentino Rafael Grossi.

A chegada a Zaporijia dos peritos da agência com sede em Viena e que integra o sistema da ONU está prevista para o final desta semana.

A Rússia, que invadiu a Ucrânia em 24 de fevereiro, controla a central de Zaporijia desde 04 de março.

Com seis reatores nucleares, a central é a maior do género na Europa.

A Ucrânia e a Rússia acusam-se mutuamente de ataques contra a central, que têm feito recear um desastre nuclear.

O instituto norte-americano para o Estudo da Guerra (ISW, na sigla em inglês) divulgou hoje uma fotografia por satélite em que se veem veículos de combate russos "aparentemente abrigados sob a infraestrutura" da central, próximo da instalação de um reator nuclear.

A imagem por satélite foi obtida pela empresa norte-americana de tecnologia espacial Maxar Technologies, segundo o ISW.

A Ucrânia, os seus aliados ocidentais e a ONU têm apelado à Rússia para retirar os seus efetivos e equipamento militar da central nuclear.

A Ucrânia tem quatro centrais nucleares em funcionamento, com um total de 15 reatores.

O acidente nuclear mais grave de sempre ocorreu em solo ucraniano, em 1986, na central de Chernobyl, quando a Ucrânia fazia parte da antiga União Soviética.

A Rússia anexou a península ucraniana da Crimeia em 2014.

Moscovo disse que a ofensiva iniciada há seis meses se destina a "desmilitarizar e a desnazificar" o país vizinho.

As duas partes têm divulgado diariamente informações sobre os combates em curso, incluindo sobre baixas civis e militares, mas muitas dessas informações não podem ser verificadas por fontes independentes.

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