Várias organizações de comunicação social norte-americanas vão processar autoridades locais em Uvalde, no estado do Texas, por estas lhes recusarem dados e registos relacionados com o tiroteio em massa em Maio numa escola básica.
Na acusação, apresentada na segunda-feira, é pedido ao tribunal que force a cidade, o agrupamento escolar e o departamento policial a entregar gravações de chamadas de emergência, registos pessoais e outros documentos desse dia.
De recordar que, em maio, um atirador entrou na Robb Elementary School, no estado do Texas e matou 19 crianças e dois professores. O incidente ocorreu pouco tempo depois de um tiroteio em Buffalo, Nova Iorque, que matou dez pessoas num ataque com graves contornos supremacistas brancos.
Segundo a Associated Press, um dos órgãos queixosos, a par de jornais como o Texas Tribune, o objetivo da acusação é recolher informação que possa ajudar a desencobrir mais factos sobre a reação das autoridades, especialmente da polícia, ao tiroteio. No entanto, as autoridades argumentam que não podem divulgar mais documentos enquanto prosseguirem as investigações.
O procurador-geral do estado do Texas deixou claro que as autoridades e governantes de Uvalde não podem reter as informações.
Os órgãos denunciaram ao longo dos três meses desde o ataque as declarações falsas e incoerentes das autoridades sobre a reação da polícia às primeiras horas do ataque, que durou mais de 70 minutos no total. "A obstrução e inação só prolongaram a dor das vítimas, das suas famílias e da comunidade no seu tudo, que continua a pedir transparência sobre os eventos desse dia", diz o documento, citado pela AP.
Muitos habitantes de Uvalde criticam também a reação da polícia, e voltaram a fazê-lo quando se soube que os mesmos polícias iriam estar em funções durante a abertura do ano escolar, sem quaisquer suspensões a serem impostas. A única responsabilização até agora foi a demissão do chefe de polícia do Distrito Escolar, na passada quarta-feira.
A cidade foi divulgando alguns relatos e documentos sobre esse dia como, por exemplo, as imagens das 'body cams' dos polícias, que mostram vários agentes de diferentes departamentos à espera da ordem para entrar na escola.
O relatório mais minucioso sobre o ataque surgiu a partir de um comité de investigação da Câmara dos Representantes, que apontou graves falhas aos mais de 400 agentes que, chegados rapidamente ao local, esperaram uma hora para confrontar o atirador.
Nenhuma autoridade, desde a câmara municipal, ao agrupamento e ao departamento policial, comentou o processo.
Tal como o ataque em Buffalo, o massacre escolar em Uvalde - o pior massacre numa escola norte-americana desde 2012, quando 28 pessoas morreram na escola de Sandy Hook - relançou o debate em torno da posse e uso de armas. O atirador comprara a arma de forma legal poucos dias antes do ataque, no mesmo dia em que fez 18 anos, e até ao momento em que entrou na escola não quebrara uma única lei.
Se, por um lado, os democratas voltaram a exigir um maior controlo sobre as armas de fogo nos Estados Unidos, os republicanos continuaram a defender o direito à posse de arma como fundamental para a Constituição.
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