Mikhail Gorbachev, o último presidente da União Soviética (URSS), morreu esta terça-feira. Tinha 91 anos. A notícia é avançada pela agência de notícias russa TASS, que cita fonte hospitalar.
Segundo a publicação, Gorbachev morreu no Hospital Clínico Central de Moscovo, onde se encontrava internado devido a "doença prolongada e grave".
O político será enterrado no Cemitério Novodevichy, em Moscovo, onde estão os restos mortais de outras figuras proeminentes da história da Rússia, além do túmulo da sua mulher, Raisa Titarenko.
Mikhail Gorbachev nasceu a 2 de março de 1931 em Stravropol, na Rússia, filho de uma família de imigrantes russo-ucranianos.
Estudou Direito na Universidade de Moscovo e durante esse período aderiu ao Partido Comunista. A 11 de março de 1985, aos 54 anos, foi eleito pelo Politburo líder da União Soviética, após a morte de Konstantin Chernenko.
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— TASS (@tassagency_en) August 30, 2022
Segundo o próprio, a grande causa da sua vida foi a "perestroika", processo de mudanças que impulsionou enquanto líder do Partido Comunista. Destaca-se também a "glasnost", uma abertura à liberdade de expressão.
As suas políticas geraram tensões dentro do partido, entre os grupos mais conservadores e os liberais, que viriam a levar à renúncia de Gorbachev em dezembro de 1991.
Um quarto de século após a desintegração, Gorbachev havia contado à agência de notícias Associated Press (AP) que não considerou o uso da força generalizada para tentar manter a União Soviética unida, porque receava o caos num país nuclear. "O país estava carregado até as bordas de armas. E isso teria imediatamente empurrado o país para uma guerra civil", disse.
Muitas mudanças, incluindo a dissolução soviética, não tinham nenhuma semelhança com a transformação que Gorbachev havia imaginado quando se tornou líder soviético em março de 1985. No entanto, o ex-líder soviético pode ter tido um impacto maior na segunda metade do século XX do que qualquer outra figura política.
"Vejo-me como um homem que iniciou as reformas necessárias para o país, para a Europa e para o mundo", observou à AP, numa entrevista em 1992, pouco depois de deixar o cargo.
"Muitas vezes perguntam-me se teria começado tudo de novo se tivesse que repetir. Sim, de facto. E com mais persistência e determinação", explicou.
Os russos culparam-no pela desintegração da União Soviética em 1991 - uma superpotência que se dividiu em 15 nações. Os seus antigos aliados abandonaram-no e fizeram-no dele um bode expiatório para os problemas do país.
Em 1990, recebeu o Prémio Nobel da Paz pelo seu papel no fim da Guerra Fria entre o Ocidente e o Leste, na sequência da queda do muro de Berlim, em 1989. Gorbachev celebrou acordos de redução de armas com os Estados Unidos da América (EUA) e parcerias com potências ocidentais para remover a Cortina de Ferro que dividia a Europa desde a Segunda Guerra Mundial e promover a reunificação da Alemanha.
[Notícia atualizada às 22h22]
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