Capacidades energéticas da Península Ibérica têm sido "subutilizadas"

A presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, considera que as capacidades energéticas da Península Ibérica têm sido "subutilizadas", nomeadamente quanto ao armazenamento e transporte, privilegiando a aposta nas renováveis ibéricas face a "parceiros pouco fiáveis" como a Rússia.

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© Mateusz Wlodarczyk/NurPhoto via Getty Images

Lusa
31/08/2022 13:55 ‧ 31/08/2022 por Lusa

Mundo

Entrevista

"Penso que a Península Ibérica tem sido, digamos, subutilizada, se pensarmos que temos vindo a falar do plano energético há mais de uma década", argumenta Roberta Metsola.

Em entrevista à agência Lusa, em Bruxelas, um dia antes de iniciar uma visita oficial a Portugal, entre quinta e sexta-feira, a líder da assembleia europeia fala numa subutilização "não só devido às reservas e ao armazenamento que existe e à capacidade de transporte, como para o GNL [gás natural liquefeito], mas também através de ligações físicas para outros países europeus", devido à atual falta de interconexões.

"Sejamos francos, não podemos confiar em parceiros potencialmente tão pouco fiáveis como temos vindo a confiar há décadas", acrescenta, lembrando o caso da Rússia, da qual a União Europeia (UE) é dependente de combustíveis fósseis, como do gás.

Recordando que Portugal e Espanha têm sido "líderes em energias renováveis", Roberta Metsola defende a aposta neste tipo de fontes energéticas mais limpas.

"Tenho visto como Portugal traz soluções para cima da mesa [...] para a utilização de mais energias renováveis, permitindo um investimento mais rápido", observa.

Prestes a iniciar a sua visita oficial ao país, a presidente da assembleia europeia vinca que "uma voz como Portugal à volta da mesa pode trazer uma perspetiva energética" alternativa.

Em meados de agosto, a Comissão Europeia garantiu que vai "apoiar e encorajar" Espanha e França a avançar com interligações, nomeadamente de gás através de Portugal, para aumentar as interconexões entre a Península Ibérica e o resto da UE.

A posição surgiu depois de, dias antes, o chanceler alemão, Olaf Scholz, se ter manifestado a favor de um gasoduto que transporte gás a partir de Portugal através de Espanha e França para o resto da Europa, para reduzir a atual dependência de gás russo, em altura de guerra na Ucrânia e de crise energética.

Na altura, o executivo comunitário disse à Lusa "apoiar e encorajar as autoridades espanholas e francesas a acelerar a implementação dos três projetos de interesse comum existentes através do Grupo de Alto Nível Sudoeste Europeu com o objetivo de aumentar a capacidade de interconexão entre a Península Ibérica e a França".

"Pensamos também que investimentos adicionais para ligar os terminais de importação de GNL na Península Ibérica e a rede da UE através de infraestruturas preparadas para o hidrogénio podem contribuir ainda mais para diversificar o fornecimento de gás no mercado interno e ajudar a explorar o potencial a longo prazo de hidrogénio renovável", adiantou.

Espanha e Portugal têm pedido à UE para acelerar o aumento das interconexões para transporte de gás entre a Península Ibérica e outros países europeus, precisamente por haver poucas interligações com o resto da Europa.

As tensões geopolíticas devido à guerra na Ucrânia têm afetado o mercado energético europeu, já que a UE importa 90% do gás que consome, sendo a Rússia responsável por cerca de 45% dessas importações, em níveis variáveis entre os Estados-membros.

Roberta Metsola foi eleita, em meados de janeiro passado, presidente do Parlamento Europeu na segunda metade da atual legislatura, até à constituição da nova assembleia após as eleições europeias de 2024.

Leia Também: Portugal é "extremamente pró-europeu" e pode ser líder na UE

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