"O Presidente Erdogan disse que a Turquia pode desempenhar um papel facilitador na central nuclear de Zaporijia, tal como o fez no negócio dos cereais", cujas exportações foram bloqueadas pela guerra, disse a presidência turca numa declaração citada pela agência de notícias France Presse (AFP).
A central nuclear de Zaporijia, a maior da Europa, está desde março ocupada pelas tropas russas no sul da Ucrânia.
Depois de semanas de bombardeamentos que fizeram temer uma catástrofe nuclear, chegou esta quinta-feira à central nuclear uma equipa da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), para fazer uma inspeção.
Moscovo e Kiev acusam-se mutuamente de ataques à central, onde vão permanecer até "domingo ou segunda-feira" alguns elementos da missão da AIEA, entre os quais o próprio diretor, Rafael Grossi.
A Ucrânia acusou a Rússia de ter retirado as suas armas antes da chegada da equipa da AIEA e, na sexta-feira, anunciou que tinha atingido uma base russa em Energodar, no sul do país e não muito longe da central nuclear.
A 19 de agosto, durante uma reunião em Lviv com o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, Erdogan mostrou-se preocupado com um possível desastre nuclear em caso de danos a essas instalações.
"Estamos preocupados, não queremos outra Chernobyl", disse Erdogan, referindo-se ao acidente nuclear de 1986 na Ucrânia.
A AFP sublinha que a situação em Zaporijia preocupa muitos líderes internacionais, tendo em conta que a zona tem sido alvo de vários bombardeios, aumentando o temor de um desastre nuclear.
Na quinta-feira, depois de uma inspeção às instalações, o diretor da AIEA disse que a "integridade física" da fábrica tinha sido "violada em várias ocasiões", sublinhando que é tal " não pode continuar a acontecer".
No entanto, Rafael Grossi não nomeou os responsáveis pela situação.
A Turquia mantém boas relações com Moscovo e Kiev: Ancara forneceu à Ucrânia drones militares, mas recusou-se a aderir às sanções ocidentais decretadas contra a Rússia após a invasão da Ucrânia.
Leia Também: Guerra na Ucrânia provocou a morte a mais de sete mil civis