Jornalista russo Ivan Safronov condenado a 22 anos de prisão
Prisão do jornalista é considerada como um ataque à liberdade de imprensa na Rússia, ataques que se intensificaram durante a guerra.
© Getty Images
Mundo Rússia
O jornalista russo Ivan Safronov, que foi acusado pelo estado russo de traição e de passar segredos a estados da NATO, foi esta segunda-feira condenado a 22 anos de prisão.
Safronov, detido em julho de 2020, foi acusado de passar segredos sobre vendas de armas pelo Kremlin no Médio Oriente e em África, um crime ainda pior considerando que a acusação aponta para relações com a República Checa, país pertencente à NATO.
Antes de ser acusado, Safronov foi jornalista de assuntos militares para os jornais Vedomosti e Kommersant, antes de passar para o governo e ser assistente do líder da agência espacial russa.
Os advogados do jornalista já avisaram que iam apelar, refere a agência estatal russa RIA Novosti. Antes do julgamento, Safronovo negou todas as acusações e recusou um acordo para cumprir 'apenas' 12 anos de prisão.
Segundo o jornalista, citado pela Reuters antes do julgamento, os investigadores russos apontam também para o trabalho que Safronov desenvolveu em 2010, quando passou a contribuir para um website criado por um jornalista checo.
This is how Safronov himself reacted to the verdict
— NEXTA (@nexta_tv) September 5, 2022
He can count on parole after 14 years, TASS reports, citing a source in the justice authorities. pic.twitter.com/L6yl6z5SQD
A condenação é vista por jornalistas russos, defensores de direitos humanos e órgãos de comunicação independentes como mais um ataque à liberdade de imprensa na Rússia, e um castigo contra Safronov por expor detalhes duvidosos sobre os negócios do Kremlin.
O caso que é apontado pela defesa do repórter como aquele sobre o qual Moscovo o quer castigar é um acordo com o Egito para a venda de jatos de guerra, no valor de dois mil milhões de euros. Safronov denunciou o negócio e este caiu por terra pouco depois, com os EUA a avisarem que sancionariam o Egito se o negócio fosse fechado.
Também a União Europeia comentou a sentença, pedindo a libertação imediata do jornalista.
A condenação de Ivan Safronov surge no mesmo dia em que um tribunal russo revogou a licença do Novaya Gazeta, um dos principais jornais independentes russos, obrigando-o a deixar de operar em território russo (o jornal já fora suspenso logo no início da guerra na Ucrânia).
Desde antes do início da guerra que a Rússia restringe a liberdade de imprensa no país mas, após ter invadido a Ucrânia a 24 de fevereiro, a opressão do Kremlin intensificou-se. Vários órgãos de comunicação independentes foram encerrados e jornalistas que protestem contra a guerra, ou que escrevam algo que vá de encontro à propaganda do regime, são detidos.
Os jornalistas estão mesmo proibidos de proferir a palavra "guerra", já que a Rússia considera a invasão como uma "operação militar especial".
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