"Neste momento, há explosões na cidade de Energodar (no sudeste da Ucrânia). As provocações continuam. Há bombardeamentos a ser levados a cabo pelos ocupantes", indicou na plataforma digital Telegram o presidente da câmara pró-Kiev no exílio, Dmytro Orlov, instando a população da cidade de 50.000 habitantes antes da guerra a "manter-se nos seus abrigos" para se proteger, segundo a agência UNIAN.
Citado pela agência russa TASS, Vladimir Rogov, membro da administração da ocupação pró-russa da região de Zaporijia, rejeitou estas afirmações e afirmou, por sua vez, que se tratara de "um bombardeamento das Forças Armadas ucranianas" que tinha resultado "no segundo corte da eletricidade" no mesmo dia em Energodar.
"É possível que haja mais ataques", declararam os responsáveis pela ocupação russa do local.
Os bombardeamentos da zona da central de Zaporijia, a maior da Europa, ocorreram algumas horas após a Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), que fez uma avaliação do estado das instalações, ter divulgado o seu relatório apelando para a criação de um perímetro de segurança em volta da central, situada perto da linha da frente, para impedir um desastre nuclear, classificando a atual situação como "insustentável".
Há várias semanas que as instalações da grande central nuclear de Zaporijia e os seus arredores, em Energodar, são bombardeados, rejeitando Kiev e Moscovo a responsabilidade de tais ataques e culpando-se mutuamente da escalada dos combates naquela zona
Especialistas da agência especializada da ONU visitaram na semana passada a central e viram 'in situ' sinais de ataques anteriores.
O chefe da administração presidencial ucraniana, Andriï Iermak, afirmou na rede social Twitter que "as provocações russas em Energodar, à volta das instalações da central nuclear, não estão a funcionar".
"Deve ser dada uma resposta forte a estas manipulações [russas que querem dizer] 'levantem as sanções -- terão gás'", defendeu.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 13 milhões de pessoas -- mais de seis milhões de deslocados internos e mais de sete milhões para os países vizinhos -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra, que entrou hoje no seu 195.º dia, 5.718 civis mortos e 8.199 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.
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