No relatório "A encruzilhada da educação na América Latina e nas Caraíbas", divulgado esta quinta-feira no Dia Internacional da Alfabetização, os autores apontam que o cumprimento das metas educacionais não estava assegurado antes da pandemia de covid-19, "e muito menos agora".
As dificuldades económicas e os efeitos devastadores da pandemia de covid-19 contribuíram para o abrandamento e estagnação no progresso do desempenho escolar, entre 2015 e 2021.
"As metas não serão alcançadas se o rumo das políticas e a alocação de recursos para a educação não forem modificados", destacam a UNESCO, UNICEF e Comissão Económica para a América Latina e Caraíbas (CEPAL), órgãos responsáveis pelo documento.
O trabalho realça o abrandamento de alguns progressos, uma estagnação no acesso ao ensino básico e secundário e na qualidade da aprendizagem, e o aumento de algumas lacunas específicas no ensino superior.
"Estima-se que em 2019, 10,4 milhões de crianças e jovens foram excluídos do acesso ao ensino fundamental e médio na América Latina e Caraíbas, e esses números são anteriores à pandemia, cujos efeitos agregam maior fragilidade às trajetórias que garantem a permanência no sistema educacional", frisou Alberto Arenas de Mesa, diretor da divisão de desenvolvimento social da CEPAL.
Entre 2015 e 2020, a matrícula na educação pré-primária (entre os zero e dois anos) aumentou em 2,1 milhões de meninos e meninas, um ritmo mais rápido do que nos anos anteriores.
"Desde o início da pandemia, observamos como a primeira infância não foi priorizada, o que coloca em risco esses avanços. Pedimos aos governos que invistam na primeira infância para que nenhum menino ou menina fique para trás", destacou, por sua vez, a vice-diretora regional responsável pelo gabinete da UNICEF para a América Latina e Caraíbas, Rada Noeva.
Em relação ao financiamento da educação, 15 países da América Latina e das Caraíbas reduziram o seu investimento público em educação desde 2015.
Esta estagnação aumentou com a crise gerada pela pandemia de covid-19.
As agências observam avanços sustentados no crescimento da cobertura no nível primário, alfabetização de adultos e no nível educacional mais alto alcançado pela população.
Além disso, identificam uma melhora mais recente em alguns indicadores educacionais e uma redução nas desigualdades.
Claudia Uribe, diretora da Orealc/Unesco Santiago, indicou que "as evidências mostram algumas notícias positivas, mas reforçam a necessidade urgente de maiores investimentos e capacidades estatais para liderar os processos de melhoria e transformação sistémica da educação para acelerar o progresso nas metas educacionais criada em 2015".
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