Ucrânia. UE pede que apoio continue e aponta sucesso da contraofensiva

O chefe da diplomacia europeia apelou hoje aos cidadãos europeus para que não cedam no seu apoio à Ucrânia, apontando que o sucesso da contraofensiva ucraniana é a prova de que a estratégia da UE e aliados funciona.

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Lusa
13/09/2022 15:34 ‧ 13/09/2022 por Lusa

Mundo

Ucrânia/Rússia

 

Intervindo num debate no Parlamento Europeu, na localidade francesa de Estrasburgo, num debate sobre os mais recentes desenvolvimentos do conflito em solo ucraniano, o Alto Representante da União Europeia (UE) para a Política Externa e de Segurança, Josep Borrell, advertiu que o Presidente russo, Vladimir Putin, "espera que no inverno as democracias débeis e frágeis não mantenham o apoio à Ucrânia, devido ao gás, ao frio, aos preços", e enfatizou a importância de tal não suceder.

"Há que aproveitar esta circunstância em que a Ucrânia lançou uma contraofensiva que está a ter um sucesso maior do que o esperado, incluindo para nós próprios. Isto mostra que a estratégia que temos seguido desde o início é a adequada e que há que continuar a aplicá-la. Não é o momento de esmorecer, pelo contrário, é o momento de redobrar os nossos esforços", disse.

Borrell insistiu que "há que manter o apoio, pois está provado que é eficaz".

"Quem pensaria, quando Putin lançou a guerra, que seis meses depois o exército russo estaria na defensiva ou a retroceder? Quem imaginaria? Isso é possível, antes de mais, graças ao valor e compromisso [dos ucranianos] na defesa do seu país, mas também graças ao apoio que temos prestado, porque as guerras ganham-se com armas", realçou o político espanhol.

"E quero aproveitar este palco que é o Parlamento Europeu para me dirigir aos cidadãos europeus e pedir-lhes que não cedam no seu apoio à Ucrânia. Não é o momento para debilitar este apoio, porque está a funcionar, e porque devemos mantê-lo para chegarmos a uma situação que permita resolver o conflito, que respeite a integridade territorial e a soberania da Ucrânia", completou.

Na segunda-feira, o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, garantiu que o exército reconquistou quase 6.000 quilómetros quadrados (km2) de território controlado pelas forças russas na Ucrânia, desde o início da sua contraofensiva lançada no início de setembro.

"Desde o início de setembro, os nossos soldados já libertaram quase 6.000 km2 de território ucraniano no leste e no sul, e ainda estamos a avançar", salientou o chefe de Estado ucraniano no habitual vídeo noturno dirigido à nação.

Volodymyr Zelensky agradeceu em particular a três unidades militares, elogiando a sua "bravura" na operação que permitiu recuperar território conquistado pelas forças russas.

Caso sejam consolidados, estes ganhos serão os maiores para a Ucrânia desde a retirada das forças russas dos arredores de Kiev no final de março.

O Exército ucraniano anunciou pela primeira vez uma contraofensiva no sul, antes de fazer um avanço relâmpago na semana passada na região de Kharkiv, na fronteira com a Rússia no nordeste do país, forçando os soldados de Moscovo a recuar para outras posições.

As autoridades ucranianas também têm relatado sucesso na região de Kherson, no sul, ocupada pela Rússia e na fronteira com a Crimeia anexada, e nas regiões orientais sob o controlo de separatistas pró-russos desde 2014.

A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 13 milhões de pessoas -- mais de seis milhões de deslocados internos e mais de sete milhões para os países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.

A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra mais de 5.800 civis mortos e cerca de 8.400 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.

Leia Também: Borrell lamenta que Putin o desqualifique "direta e pessoalmente"

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