Kyiv pede a Berlim para "derrubar o muro de armas" e fornecer tanques
O ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Dmytro Kuleba, lamentou sexta-feira que o novo pacote de ajuda militar anunciado pela Alemanha não corresponda às necessidades imediatas da Ucrânia e pediu a Berlim para "derrubar o muro de armas".
© Reuters
Mundo Ucrânia
A ministra da Defesa alemã, Christine Lambrecht, indicou esta quinta-feira que serão entregues "muito em breve" à Ucrânia diversos veículos blindados, mas excluiu o envio dos tanques de guerra solicitados por Kyiv.
Lambrecht anunciou o envio de dois novos lança-foguetes múltiplos Mars-II, e ainda 200 foguetes. A Ucrânia também vai usufruir de 50 veículos de transporte todo-o-terreno de tipo Dingo.
Mas para o chefe da diplomacia ucraniana, é "um mistério" que Berlim não corresponda aos pedidos de Kyiv.
"Estamos a pedir tanques Leopard ou tanques Marten, e a Alemanha está a fornecer-nos os veículos blindados do tipo Dingo. Isso também é útil, e estamos gratos. Mas não é o que mais precisamos em combate", salientou Dmytro Kuleba, em entrevista ao jornal alemão Frankfurter Allgemeine Zeitung (FAZ).
Kuleba acrescentou que sente que existe "uma espécie de muro de armas" em Berlim.
"Acho que para o chanceler [alemão] chegou a hora de derrubar este muro", realçou.
O governo alemão tem sido criticado nos últimos dias, quer em Kyiv, quer em Berlim, pela sua relutância em entregar tanques de combate, que podem fazer a diferença numa altura em que as forças ucranianas executam uma contraofensiva.
"Mesmo que o treino de soldados para os tanques Leopard demorasse mais, esses tanques seriam necessários no campo de batalha em dois ou três meses. A decisão a esse respeito deve ser tomada agora", insistiu o ministro ucraniano.
A relutância em entregar os tanques de combate solicitados também está a causar reações na coligação liderada pelo chanceler alemão Olaf Scholz, com a ministra dos Negócios Estrangeiros, Annalena Baerbock, a manifestar na quinta-feira o desejo de uma decisão rápida.
No entanto, o governo alemão não considera atualmente ser o momento para proceder ao envio dos tanques de combate Leopard-2.
Berlim continua a prosseguir um sistema de envios circular. Assim, a Grécia vai receber blindados alemães de tipo Marder, também pedidos por Kyiv, e Atenas vai entregar à Ucrânia "muito em breve" blindados mais antigos, ainda segundo a ministra da Defesa alemã.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 13 milhões de pessoas -- mais de seis milhões de deslocados internos e mais de 7,2 milhões para os países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 5.827 civis mortos e 8.421 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.
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