O partido italiano de extrema-direita Fratelli d’Italia (FdI, Irmãos de Itália), que lidera as sondagens referentes às eleições legislativas de Itália de domingo, suspendeu um dos seus candidatos, esta terça-feira, após terem sido encontrados elogios ao ditador nazi, Adolf Hitler, em publicações nas redes sociais.
Segundo recorda a agência de notícias Reuters, as origens do partido remontam a um grupo neofascista criado após a Segunda Guerra Mundial. No entanto, a sua líder, Giorgia Meloni, apontada como a próxima primeira-ministra de Itália, tem procurado distanciar-se da ideia de “extrema-direita” e afirmado que o partido é “conservador”.
Na segunda-feira, o jornal La Repubblica publicou um comentário feito no Facebook em 2014 por Calogero Pisano, candidato do partido à Câmara dos Deputados, onde afirmava que Hitler era um “grande estadista”.
Já em 2016, quando se candidatou à presidência da ilha de Sicília, Pisano comparou a líder do seu partido - Giorgia Meloni - a um “fascista moderno de há 70 anos” [Hitler], acrescentando que o DFI “nunca escondeu os seus verdadeiros ideais”.
O caso suscitou revolta no país, com Ruth Dureghello, chefe da comunidade judaica em Roma, a afirmar, na rede social Twitter, que “a ideia de que aqueles que louvam Hitler podem sentar-se no próximo parlamento é inaceitável”.
È inaccettabile l’idea che nel prossimo Parlamento possa sedere chi inneggia a Hitler. L’ho detto in riferimento a un candidato di un altro partito e lo ripeto qui: non può esserci spazio per chi legittima l’odio. pic.twitter.com/83L7ITaUec
— Ruth Dureghello (@dureghello) September 19, 2022
Em comunicado, enviado à imprensa italiana, o partido anunciou que “Calogero Pisano foi suspenso, com efeitos imediatos, do Irmãos de Itália”. “Está dispensado de qualquer cargo partidário, a começar pelo de coordenador provincial de Agrigento e membro da direção nacional. A partir deste momento, Pisano não representa mais o FdI em todos os níveis e também está proibido de usar o seu símbolo”, lê-se na nota, citada pelo La Repubblica.
Também Pisano reagiu à polémica e afirmou que “há anos” escreveu “coisas que estavam profundamente erradas”. “Já tinha apagado a minha conta pessoal do Facebook porque tinha vergonha das coisas que tinha publicado por engano. Não sei como é que o La Repubblica as encontrou, mas sou o primeiro a condenar inequivocamente essas expressões. Peço desculpas a quem se sentiu ofendido por essas publicações que depois de muitos anos considero indignas”, declarou.
Itália vai a votos no próximo domingo, 25 de setembro, e segundo as mais recentes sondagens, Giorgia Meloni, do partido Fratelli d' Italia, em coligação com a Liga, pode conseguir uma vitória sem precedentes para a direita.
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