Reservistas? Politóloga avisa que qualquer russo pode ser mobilizado

Fica ainda a dúvida sobre o ponto 7 do decreto.

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Marta Amorim
21/09/2022 12:31 ‧ 21/09/2022 por Marta Amorim

Mundo

Ucrânia/Rússia

Quando anunciou, esta manhã, que ia decretar uma mobilização parcial - de 300 mil reservistas - no país, Putin limitou o grupo que será afetado por esta medida: “Só estarão sujeitos ao serviço militar obrigatório os cidadãos que se encontrem atualmente na reserva e, sobretudo, os que serviram nas forças armadas e tenham alguma especialidade militar”.

No entanto, essa especificação não consta do decreto. "De acordo com este texto, qualquer pessoa pode ser convocada, exceto funcionários do complexo militar-industrial", alertou a politóloga Ekaterina Shulman ao Nexta.

Além disso, de acordo com a norma avançada por Putin, os combatentes que já estão a lutar na Ucrânia e cujos contratos expirariam em breve, vão vê-los a ser prolongados indefinidamente "até o final do período de mobilização parcial".

Segundo se pode ler no ponto 5 do documento, estão excluídos os cidadãos que atingiram o limite de idade para serem convocados pelo exército e os que, por motivos de saúde, têm uma declaração médica militar em como estão “inaptos” para servir no exército. Estão igualmente excluídos os presos, “em ligação com a entrada em vigor de uma sentença judicial que impõe uma sentença de privação de liberdade”, pode ler-se.

Ficou ainda a dúvida sobre o ponto 7 que no documento não aparece divulgado.  "De facto, [o artigo ] é para uso oficial, pelo que não posso revelá-lo", respondeu esta quarta-feira Dmitry Peskov, porta-voz do Kremlin, em conferência de imprensa. Disse que este ponto se refere ao número de soldados a serem mobilizados, mas asseverou “não poder explicar”.

A primeira onda de mobilizações incluirá soldados até 35 anos e suboficiais até 45 anos, conforme especificado pelo presidente do Comité de Defesa da Duma do Estado, Andrei Kartapolov, que explicou em comunicado que, em além de tropas, o Ministério da Defesa procura agora  especialistas "como operadores de veículos aéreos não tripulados e especialistas em inteligência".

Qualquer cidadão maior de 27 anos que no passado serviu nas Forças Armadas “ou tenha alguma especialidade militar” pode ser chamado de reservista, explica o advogado Pavel Chikov, citado pelo El Pais. 

A Duma aprovou esta terça-feira uma série de emendas acrescentando os cenários de mobilização e estado de guerra ao código penal. A reforma punirá com vários anos de prisão reservistas que não respondam à mobilização ou soldados que se recusam a lutar ou se render.

Leia Também: É tempo de Portugal dar "asilo a russos que possam fugir", diz Ana Gomes

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