A deslocação de Mamady Doumbouya, a primeira desde que tomou o poder pela força em setembro de 2021, não mereceu praticamente qualquer comunicação oficial por parte de Conacri ou de Bamako, segundo a agência France-Presse.
O dirigente da Guiné-Conacri aterrou a bordo de um avião disponibilizado pelas autoridades malianas que o foi buscar ao seu país, segundo imagens divulgadas nas redes sociais.
Um documento enviado pela diplomacia maliana às suas missões diplomáticas, citado pela agência noticiosa, refere uma "visita de amizade e trabalho" entre hoje e quinta-feira.
A visita coincide com o 62.º aniversário da independência do Mali e no dia em que uma cimeira extraordinária da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), à margem da Assembleia-Geral das Nações Unidas em Nova Iorque, deverá discutir os golpes militardes na Guiné-Conacri e no Mali.
O Mali, a Guiné-Conacri e o Burkina Faso são três países da CEDEAO onde os militares tomaram o poder através de golpes de Estado nos últimos dois anos.
A cimeira deverá examinar a resposta a dar ao plano dos militares de Conacri de se manterem no poder durante três anos, antes de cederem o poder a civis eleitos.
O presidente em exercício da CEDEAO, o chefe de Estado da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, avisou hoje a junta militar no poder na Guiné-Conacri de que poderá enfrentar "pesadas sanções" se insistir em permanecer no poder por mais três anos.
"Isso é inaceitável para a CEDEAO. Inaceitável e inegociável", afirmou o dirigente guineense em entrevista à RFI e à France24.
A CEDEAO impôs em janeiro um severo embargo comercial e financeiro ao Mali devido ao plano dos militares de ficarem no poder durante até cinco anos suplementares.
A junta dirigida pelo coronel Assimi Goïta comprometeu-se depois a organizar eleições em fevereiro de 2024, pelo que a CEDEAO levantou o embargo.
Mas o Mali e a Guiné-Conacri continuam suspensos dos órgãos da CEDEAO.
O destino de 46 soldados da Costa do Marfim detidos em meados de julho no Mali também será analisado na cimeira da CEDEAO em Nova Iorque.
A junta militar no poder no Mali descreve os soldados como "mercenários", enquanto a Costa do Marfim garante que estavam em missão para a ONU e denuncia uma "tomada de reféns".
Umaro Sissoco Embaló disse que os soldados não são mercenários, relembrando as afirmações do secretário-geral da ONU, António Guterres, que disse que deveriam ser libertados.
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