O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, manifestou-se, esta quinta-feira, à margem do Conselho de Segurança da ONU, sobre os referendos de anexação de quatro regiões da Ucrânia à Rússia.
No discurso, Guterres assumiu "profunda preocupação" com o anúncio de referendos entre 23 e 27 de setembro nas regiões pró-russas de Donetsk, Lugansk, Zaporíjia e Kherson.
"Qualquer anexação de território de um Estado por outro Estado pela força é uma violação da Carta das Nações Unidas e do direito internacional", frisou o secretário-geral acusando a Rússia de "chantagem".
Quanto à crise alimentar que está a agravar-se devido à guerra, o secretário-geral da ONU destaca o Afeganistão, Iémen e algumas zonas de África e pede que todos os países removam obstáculos à exportação de fertilizantes russos.
"Simplesmente porque o mundo ficará sem comida" sem os fertilizantes, justificou.
Guterres frisou ainda que tudo fará para que se consiga atingir a paz entre ambos os territórios e que é "totalmente inaceitável" que a ideia de um conflito nuclear, "outrora impensável", "se tenha tornado objeto de debate".
"Isso por si só é totalmente inaceitável. Todos os Estados com armas nucleares devem comprometer-se novamente com o não uso e a eliminação total de armas nucleares", exortou o secretário-geral.
Apesar de mencionar a possibilidade de guerra nuclear, António Guterres não referiu - diretamente - em nenhum momento as ameaças feitas na quarta-feira pelo Presidente russo, Vladimir Putin, sobre uma escalada nuclear da guerra.
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A reunião ministerial onde Guterres discursou debruçou-se sobre a situação do conflito ucraniano, convocada pela França e intitulada "A luta contra a impunidade na Ucrânia", a qual contou com os ministros dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Serguei Lavrov, e da Ucrânia, Dmytro Kuleba.
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