"Nós, como AfD, felicitamos Giorgia Meloni pela vitória nas eleições e desejamos que seja a primeira mulher a presidir um governo italiano", indicaram, num comunicado, dois altos dirigentes do partido ultranacionalista alemão, Alice Weidel e Tino Chrupalla, que lembraram que, "tal como os suecos, os italianos também decidiram pela mudança política".
"A Alemanha está praticamente sozinha na Europa com a sua coligação esquerdista ecologista", afirmaram Weidel e Chrupalla, referindo-se ao Governo liderado por Olaf Scholz, integrado por membros do Partido Social Democrata (SPD), de Os Verdes e do Partido Democrático Liberal (FDP).
Scholz, aliás, citado por um porta-voz, Wolfgang Buechner, lembrou que Itália é um "país muito amigo" da Europa.
"A Itália é habitada por cidadãos que são muito amigos da Europa e não esperamos que isso mude" após a chegada ao poder de um governo de direita após as eleições gerais italianas de domingo.
O porta-voz de Scholz escusou-se a fazer mais comentários alegando que os resultados finais oficiais das legislativas italianas ainda não foram divulgados.
Outra reação vinda da Alemanha veio do deputado Jurgen Hardt, da União Democrata Cristã (CDU), que expressou preocupação com as "declarações abertamente fascistas" de Meloni e as "posições assustadoras" de vários membros do partido FdI.
"O racismo e a exclusão das minorias não podem continuar a ocorrer na Europa. Na Alemanha e em Bruxelas, o novo Governo italiano será julgado pela sua contribuição para o futuro da Europa, pelo cumprimento das sanções contra a Rússia e pelo seu progresso na reconstrução da economia italiana", afirmou Hardt.
Para o deputado da CDU, o antigo primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi "será fundamental" na formação do Executivo.
"Só podemos esperar que, com a sua idade avançada, consiga ver as implicações das decisões e manter o governo italiano no caminho certo", argumentou.
Alexander Graf Lambsdorff, do Partido Democrático Liberal (FDP), salientou que a eleição de Meloni vai criar um processo de decisões "mais complicado" na UE.
"É cada vez é mais trabalhoso", frisou Lambsdorff em declarações à estação emissora pública ARD, referindo-se às questões migratórias, ao mercado interno e ao regresso ao pacto de estabilidade e crescimento.
Segundo os resultados parciais, a coligação de direita e extrema-direita - liderada pelos Irmãos de Itália e que reúne ainda a Liga, de Matteo Salvini, e o conservador Força Itália, de Silvio Berlusconi - obteve cerca de 43% dos votos nas legislativas.
O bloco de centro-esquerda, liderado pelo Partido Democrático, de Enrico Letta, deverá ter 26% dos votos.
O partido Irmãos de Itália, liderado por Giorgia Meloni, foi fundado em 2012 e tem raízes no Movimento Social Italiano (MSI), fundado pelos seguidores do ditador fascista Benito Mussolini.
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