"Acredito que nos próximos dias os resultados dos referendos estarão disponíveis. Estamos prontos. Por enquanto, não vejo necessidade de realizar reuniões extraordinárias. A reunião está prevista para o dia 4 de outubro", disse a presidente do senado, Valentina Matviyenko.
"Respeitaremos a vontade do povo das repúblicas populares de Donetsk e Lugansk e das regiões de Zaporíjia e Kherson. Se a vontade deles for fazer parte da Rússia, nós iremos apoiar essa decisão", garantiu Matviyenko.
O senado russo - formado pelos chefes dos grupos parlamentares e que define a agenda legislativa -- vai reunir na quarta-feira, após a sessão plenária, segundo o vice-presidente da câmara baixa do Parlamento, Alexander Zhúkov.
Após o fim dos referendos - que se realizaram entre dia 23 e esta terça-feora nos territórios ucranianos controlados pelas forças russas no leste e no sul da Ucrânia - os resultados preliminares das autoridades pró-russas revelaram haver um apoio maioritário à anexação.
Com apenas cerca de 10% dos votos apurados nas autoproclamadas repúblicas populares de Donetsk e Lugansk, 98,05% e 97,79%, respetivamente, dos eleitores manifestaram-se a favor da incorporação desses territórios na Rússia, informou a agência Interfax.
Na região de Kherson, com 12% dos votos contados, 97,47% dos eleitores aprovaram a adesão à Federação Russa, enquanto na vizinha Zaporíjia, com 20% dos votos contados, 98% aprovaram a adesão à Rússia.
A Ucrânia e praticamente toda a comunidade internacional negam qualquer legitimidade a estas consultas, realizadas em territórios controlados pelo Exército russo.
A ONU, a União Europeia, os Estados Unidos e muitos outros países expressaram a sua rejeição dos referendos e anunciaram que não reconhecerão os seus resultados.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 13 milhões de pessoas -- mais de seis milhões de deslocados internos e mais de 7,4 milhões para os países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 5.996 civis mortos e 8.848 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.
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