"O contexto político ou social dos estados são muito distintos (...) Há uma discussão de que as cidades são mais dinâmicas economicamente e tendem a ter um voto mais para a direita e as regiões daquele estado com maior pobreza costuma ter um voto mais a esquerda", explicou Rodrigo Prando, sociólogo e professor da Universidade Mackenzie.
O sociólogo frisou que não existe a possibilidade de fazer uma leitura unificada de todos os estados do Brasil, por causa das diferenças geográficas, de rendimentos ou escolaridade para definir um denominador e "a única coisa que se sabe é com relativa certeza a respeito das circunstâncias das eleições estaduais é que se os governadores [regionais] são bem avaliados tendem a ser reeleitos e, se não puderem o concorrer, tendem a fazer [eleger o] seu sucessor."
"Se nós olharmos hoje os governadores que estão na frente, na grande maioria das vezes, são bem avaliados, significa que o índice de bom e ótimo supera em larga medida aqueles que reprovam o governo, que é o índice de ruim e péssimo. Isso é um denominador comum", destacou Prando.,
Dados das sondagens do Ipec organizados pela CNN Brasil indicam que, em 11 estados brasileiros os governadores candidatos à reeleição lideram a corrida eleitoral com folga.
Noutros cinco estados brasileiros, os chefes do Executivo imprimiram alguma margem em relação ao segundo colocado, mas com tendência de existir segunda volta.
Já em quatro estados brasileiros, os sucessores escolhidos pelos atuais governadores são os líderes, segundo o mesmo levantamento da CNN Brasil.
Falando sobre as principais disputas estaduais nas eleições brasileiras, a analisa social e professora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) Rosemary Segurado citou que esta tendência está presente em Minas Gerais, segundo maior colégio eleitoral do país, onde o atual governador, Romeu Zema, lidera e pode ser reeleito em primeira volta.
No Rio de Janeiro a situação não indica com clareza um resultado na primeira volta, mas o atual governador, Cláudio Castro, lidera as sondagens com boa distância de seu principal adversário, o deputado Marcelo Freixo.
A professora da PUC-SP lembrou, porém, que em São Paulo, maior colégio eleitoral do Brasil, poderá haver pela primeira vez ter uma reviravolta política com a eleição do candidato Fernando Haddad, do Partido dos Trabalhadores (PT), que lidera as sondagens.
Se eleito, Haddad, que tem cerca de 34% das intenções de voto, poderá quebrar a hegemonia 28 anos do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) no estado mais rico do Brasil, tornando-se no primeiro candidato de esquerda eleito para governar São Paulo depois da redemocratização.
Já no estado da Bahia, quarto maior colégio eleitoral do país - tradicionalmente influenciado pelas esquerdas assim como toda a região nordeste -, o candidato Antônio Carlos Magalhães Neto, conhecido como ACM Neto, do partido de direita União Brasil, está em clara vantagem e pode ganhar a eleição já na primeira volta.
As eleições brasileiras têm a primeira volta marcada para 02 de outubro e a segunda, caso seja necessária, para 30 de outubro.
Além de governadores dos 27 estados, estão em jogo a renovação completa da Câmara dos Deputados, a renovação parcial do Senado e das assembleias legislativas estaduais e a eleição do próximo Presidente e vice-presidente do Brasil.
Leia Também: Brasil. Analistas preveem Congresso conservador e pouco renovado