"Estamos a levar as ameaças do Presidente Putin a sério, como levamos qualquer uma das suas declarações, mas ao mesmo tempo, como no que toca a qualquer uma das suas declarações, não nos deixamos chantagear por aquilo que ele diz e termos uma posição muito clara sobre como queremos proceder", declarou Ursula von der Leyen.
Falando em conferência de imprensa no final de uma cimeira informal dos líderes da UE em Praga, um dia após a primeira reunião da recém-formada Comunidade Política Europeia, na qual os chefes de Governo e de Estado da União e de 17 outros países discutiram a segurança e paz no continente europeu, num contexto de guerra, a responsável salientou que "a Rússia está agora isolada", nomeadamente após um novo pacote de sanções europeias.
Também presente na ocasião, o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, salientou que o bloco comunitário "leva muito a sério as ameaças desde o início desta agressão", lembrando as "ameaças explícitas ou implícitas à utilização de armas nucleares" por parte da Rússia.
"Notamos que esta é uma agressão cometida por um membro do Conselho de Segurança [das Nações Unidas], que possui armas nucleares, [mas] não pretendemos ser intimidados e estamos altamente empenhados, queremos defender os interesses daqueles que acreditam no direito internacional", vincou o político belga.
E, de acordo com Charles Michel, isto mesmo foi demonstrado durante a reunião da recém-formada Comunidade Política Europeia.
"Ontem [quinta-feira] e hoje ficou claro que havia uma determinação muito forte em manter dois pilares, em primeiro lugar, o apoio à Ucrânia e resultados tangíveis já foram alcançados e, um segundo pilar, firmeza na nossa condenação da Rússia, expressa através de sanções", precisou.
A posição surge depois de, esta quinta-feira, o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, ter dito que a ameaça russa de utilizar armas nucleares no conflito da Ucrânia coloca o mundo em risco de um "apocalipse", apontando que isso acontece pela primeira vez desde a crise dos mísseis cubanos no auge da Guerra Fria.
Nos últimos dias, registaram-se inclusive ataques russos contra a zona da central nuclear de Zaporijia, no sul da Ucrânia, a maior da Europa, depois de o Presidente russo, Vladimir Putin, ter anunciado uma mobilização parcial de 300 mil reservistas russos.
A Rússia invadiu a Ucrânia em 24 de fevereiro passado.
De acordo com Ursula von der Leyen, desde o início da guerra, a UE já avançou com 19 mil milhões de euros em apoio à Ucrânia, sem contar com a assistência militar, verba na qual se incluem mais dois mil milhões de euros em assistência macrofinanceira "que serão libertados nos próximos dias".
"Evidentemente, não só teremos de analisar o alívio imediato com apoio financeiro, mas também, a médio prazo, apoiar a reconstrução da Ucrânia e esse é o objetivo de uma conferência conjunta que a Comissão Europeia e a Presidência do G7 irão realizar no final deste mês em Berlim", assinalou a líder do executivo comunitário à imprensa em Praga.
A responsável defendeu, assim a necessidade de "identificar novas fontes de financiamento porque se trata de um montante avultado, para qual é preciso estabelecer uma abordagem muito estruturada para assegurar a previsibilidade do financiamento".
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