A Real Academia de Ciências da Suécia atribuiu, este ano, o Prémio Nobel da Economia a Ben S. Bernanke, Douglas W. Diamond e Philip H. Dybvig, que foram distinguidos pela sua "investigação sobre bancos e crises financeiras”.
O anúncio foi feito, na manhã desta segunda-feira, pela Real Academia Sueca de Ciências, em conferência de imprensa. Ficam, assim, conhecidos todos os vencedores deste ano dos Prémios Nobel.
Segundo elaborou a entidade que atribui estas distinções na rede social Twitter, o "trabalho pelo qual Ben Bernanke, Douglas Diamond e Philip Dybvig estão a ser reconhecidos tem sido crucial para a investigação subsequente que melhorou a nossa compreensão dos bancos, da regulação bancária, das crises bancárias e da forma como as crises financeiras devem ser geridas".
Segundo a Real Academia de Ciências da Suécia, esta trata-se de uma investigação que "reduz o risco de crises financeiras se transformarem em depressões a longo prazo com graves consequências para a sociedade".
No âmbito desta investigação, o estudioso Ben Bernanke "analisou a Grande Depressão da década de 1930", tendo sido capaz de mostrar como as "'corridas aos bancos' ('corridas aos depósitos') foram um fator decisivo para que a crise se tornasse tão profunda e prolongada".
Por sua vez, "Douglas Diamond e Philip Dybvig desenvolveram modelos teóricos que explicam por que razão existem os bancos, como o seu papel na sociedade os torna vulneráveis aos rumores acerca do seu iminente colapso e como a própria sociedade pode diminuir esta vulnerabilidade".
Segundo a academia sueca, "Diamond e Dybvig apresentaram uma solução para a vulnerabilidade bancária, sob a forma de um seguro de depósitos do Governo". De acordo com a sua tese, quando os "depositantes sabem que o Estado garantiu o seu dinheiro, já não precisam de se apressar a ir ao banco assim que começam os rumores sobre uma 'corrida aos bancos'".
De recordar que este fenómeno acontece quando muitos clientes levantam o seu dinheiro de um banco, porque acreditam que o banco pode estar a entrar em insolvência.
O investigador Diamond foi ainda capaz de mostrar "como os bancos desempenham uma função socialmente importante". Isto porque, enquanto "intermediários entre aforradores e mutuários, os bancos são mais adequados para avaliar a solvabilidade dos mutuários e assegurar que os empréstimos são utilizados para bons investimentos".
BREAKING NEWS:
— The Nobel Prize (@NobelPrize) October 10, 2022
The Royal Swedish Academy of Sciences has decided to award the 2022 Sveriges Riksbank Prize in Economic Sciences in Memory of Alfred Nobel to Ben S. Bernanke, Douglas W. Diamond and Philip H. Dybvig “for research on banks and financial crises.”#NobelPrize pic.twitter.com/cW0sLFh2sj
Este é o único dos seis prémios desta natureza que não foi estabelecido no testamento de Alfred Nobel de 1895, tendo sido criado pelo banco central sueco em memória do fundador. O primeiro laureado com este galardão remonta apenas a 1969.
De recordar que a edição deste ano de atribuição destes galardões iniciou-se, a 3 de outubro, com o anúncio do Prémio Nobel da Medicina, que este ano foi atribuído ao cientista sueco Svante Pääbo, especialista em genética evolutiva, "pelas suas descobertas acerca dos genomas dos hominídeos extintos e a evolução humana".
No dia seguinte, ficariam a conhecer-se os vencedores do Prémio Nobel da Física, pelas suas descobertas em mecânica quântica. São eles o francês Alain Aspect, o norte-americano John F. Clauser e o austríaco Anton Zeilinger, graças ao seu trabalho pioneiro sobre o "emaranhado quântico", um estado da matéria em que duas partículas estão perfeitamente correlacionadas, independentemente da distância entre elas, explicou a Real Academia de Ciências da Suécia.
A 5 de outubro, seriam, por sua vez, anunciados os vencedores do Prémio Nobel da Química de 2022, conquistado por Carolyn R. Bertozzi, da Universidade de Stanford, Morten Meldal, da Universidade de Copenhaga, e K. Barry Sharpless, do instituto Scripps Research, pelo "desenvolvimento da química do clique e da química bioorthogonal".
Já o Prémio Nobel da Literatura foi atribuído à escritora francesa Annie Ernaux "pela coragem e acuidade clínica com que põe a descoberto as raízes, alienações e constrangimentos coletivos da memória pessoal".
Finalmente, de recordar o Prémio Nobel da Paz, que a Real Academia de Ciências da Suécia concedeu ao ativista bielorrusso Ales Bialiatski e a duas organizações de direitos humanos - uma russa, a Memorial, e uma ucraniana, a Center for Civil Liberties. Isto pelo facto de promoverem "o direito de criticar o poder e proteger os direitos fundamentais dos cidadãos", demonstrando a "importância da sociedade civil para a paz e a democracia".
[Notícia atualizada às 11h29]
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