Kyiv contraria Putin sobre relação entre ataques e ponte da Crimeia

Os serviços secretos ucranianos acusaram a Rússia de estar a preparar os bombardeamentos de hoje desde o início do mês, contrariando a versão russa de que foram uma resposta à explosão na ponte da Crimeia.

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© ROMAN DMITRIYEV/AFP via Getty Images

Lusa
10/10/2022 19:10 ‧ 10/10/2022 por Lusa

Mundo

Ucrânia/Rússia

"Os russos têm vindo a planear ataques com mísseis a Kiev e às infraestruturas das cidades ucranianas desde o início de outubro", disse a Direção de Inteligência do Ministério da Defesa ucraniano, citada pela agência noticiosa Ukrinform.

As forças russas receberam instruções do Kremlin (Presidência) em 02 e 03 de outubro, para preparar ataques de mísseis contra "infraestruturas civis críticas e áreas centrais de cidades ucranianas densamente povoadas", segundo os serviços secretos ucranianos.

O Presidente russo, Vladimir Putin, disse que os bombardeamentos de hoje foram uma resposta ao "ataque terrorista" contra a ponte de Kerch entre a Crimeia e a Rússia, no sábado, que atribuiu aos serviços secretos ucranianos.

"É evidente que os serviços especiais ucranianos foram os organizadores e os autores do ataque" na ponte, disse Putin durante uma reunião do Conselho de Segurança da Federação russa, segundo a transcrição publicada no 'site' do Kremlin.

A ponte é vista como um símbolo da anexação da Crimeia pela Rússia, em 2014.

Desde o início da guerra em curso, em 24 de fevereiro deste ano, tem sido utilizada no transporte de equipamento militar pesado e no reabastecimento das tropas russas no sul da Ucrânia.

Apesar dos danos sofridos no sábado, parte da ponte continua a ser usada.

O porta-voz Estado-Maior General das Forças Armadas ucranianas, Yuzef Venskovich, disse que muitos dos mísseis usados hoje foram lançados a partir dos mares Cáspio e Negro.

Venskovich disse que a ameaça de ataques com mísseis "existe em qualquer altura", pelo que as forças armadas ucranianas permanecerão vigilantes.

"Apelo aos cidadãos para que observem medidas de segurança", disse, pedindo que "devem ir para os abrigos" se soarem os alarmes de ataques aéreos.

Os ataques desta manhã visaram Kiev, Khmelnytskiy, Lviv, Dnipro, Vinnitsia, Zaporijia, Sumi, Kharkiv e Jitomir.

Os bombardeamentos provocaram 11 mortos e 89 feridos, de acordo com o balanço mais recente das autoridades ucranianas.

Algumas das cidades atingidas sofreram cortes no fornecimento de energia elétrica.

O Governo apelou à população para que reduzisse o consumo de eletricidade entre as 17:00 e as 22:00 locais (mais duas horas em relação a Lisboa).

Anunciou também a suspensão da exportação de eletricidade a partir de terça-feira, para estabilizar o seu próprio sistema de energia.

"Foi a exportação de eletricidade da Ucrânia que ajudou a Europa a reduzir o consumo de recursos energéticos russos. É por isso que a Rússia está a destruir o nosso sistema energético, matando a possibilidade de exportar eletricidade da Ucrânia", disse o ministro da Energia ucraniano, German Galushchenko.

As informações sobre a guerra divulgadas pelas duas partes não podem ser verificadas de imediato de forma independente.

Leia Também: Governo pede aos ucranianos que poupem energia após ataques russos

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