A Ucrânia acusa o ex-presidente da Federação Russa e atual vice-presidente do Conselho de Segurança russo, Dimitri Medvedev, de infringir a segunda parte do artigo 110 do Código Penal, que implica uma "fragilização da integridade territorial e da inviolabilidade da Ucrânia cometida por uma pessoa que é um representante do poder", nos termos da base de dados do Ministério do Interior ucraniano.
O Serviço de Segurança da Ucrânia (SBU), que é a principal agência de segurança e informações do Governo ucraniano nas áreas de contraespionagem e combate ao terrorismo, também incluiu na mesma lista a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, Maria Zakharova, que incorreu na terceira parte do mesmo artigo do Código Penal: a "fragilização da integridade territorial e da inviolabilidade da Ucrânia" e "a morte de pessoas ou outras consequências graves".
Outro dos nomes adicionados à lista pelos serviços secretos ucranianos foi o porta-voz do Ministério da Defesa russo, Igor Konashenkov, que, nas últimas horas, defendeu que "o objetivo dos ataques" contra a Ucrânia "foi alcançado".
Zakharova afirmou no sábado, após o ataque à ponte de Kerch, a principal via de ligação entre a Rússia e a Crimeia, que a reação da Ucrânia àquele acontecimento testemunhava "a natureza terrorista do regime de Kiev".
Por sua vez, Medvedev afirmou que os ataques com mísseis hoje lançados por Moscovo sobre o centro de Kiev e outras cidades ucranianas mais não são que "o primeiro episódio", ameaçando que "haverá outros".
Segundo a Polícia Nacional Ucraniana, o mais recente balanço dos bombardeamentos de hoje com mísseis russos a vários pontos do território ucraniano aponta para 11 mortos e 89 feridos.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 13 milhões de pessoas -- mais de seis milhões de deslocados internos e mais de 7,6 milhões para os países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra, que hoje entrou no seu 229.º dia, 6.221 civis mortos e 9.371 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.
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