Rússia continua a mostrar lacunas na sua capacidade militar, diz Londres

O Ministério da Defesa britânico considerou hoje que a Rússia continua a evidenciar lacunas na sua capacidade militar na Ucrânia, incluindo com a utilização de armamento iraniano, apesar dos bombardeamentos dos últimos dois dias.

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Lusa
12/10/2022 14:54 ‧ 12/10/2022 por Lusa

Mundo

Guerra na Ucrânia

"A falta de uma capacidade de ataque fiável, sustentável e precisa a nível operacional é provavelmente uma das lacunas de capacidade mais significativas da Rússia na Ucrânia", disse o ministério britânico.

A Rússia atacou com mísseis e 'drones' várias cidades e infraestruturas de energia na Ucrânia esta semana, provocando dezenas de mortos e feridos, além de cortes de energia.

Moscovo justificou os ataques como uma reação a uma explosão na ponte da Crimeia, em 08 de outubro, que disse ter resultado de um "ataque terrorista" ucraniano.

Nos ataques recentes, a Rússia utilizou 'drones' iranianos, incluindo a variante Shahed-136, que "são lentos e voam a baixa altitude", disseram os peritos militares britânicos na sua avaliação diária sobre a guerra na Ucrânia, iniciada por Moscovo em 24 de fevereiro deste ano.

Devido às suas características, as aeronaves não tripuladas do Irão "são fáceis de atingir utilizando defesas aéreas convencionais", disse o ministério britânico, embora admitindo a "possibilidade realista" de as forças russas terem tido "algum sucesso".

O Estado-maior ucraniano informou que a Rússia lançou 86 'drones' Shahed-136 na segunda-feira, e que 60 por cento foram destruídos no ar, segundo o ministério britânico.

"Apesar de um alcance reportado de 2.500 quilómetros, o Shahed-136 tem apenas uma pequena carga explosiva. É pouco provável que cumpra satisfatoriamente a função de ataque profundo para a qual a Rússia provavelmente aspirou a utilizá-lo", consideraram os peritos britânicos.

O ministério britânico acrescentou que os aviões de combate russos têm tido "um efeito limitado" na Ucrânia.

Os ataques coincidiram com a entrada em funções do general Serguei Surovikin como novo comandante das forças russas na Ucrânia, um militar que ganhou uma "reputação de crueldade e brutalidade" no Afeganistão, Chechénia, Tajiquistão e Síria, segundo a televisão britânica BBC.

Na sua avaliação diária sobre a guerra na Ucrânia, o Instituto para o Estudo da Guerra (ISW, na sigla em inglês) considerou não haver uma ligação entre os bombardeamentos e a nomeação de Surovikin, nem uma mudança nas capacidades ou estratégias russas.

O ISW lembrou que vários dos comandantes russos na Ucrânia também estiveram noutras guerras, incluindo a Síria, onde a Rússia utilizou a mesma estratégia de destruição deliberada de infraestruturas civis, tal como tem acontecido desde o início do conflito em território ucraniano.

"O desrespeito pelo Direito internacional e o entusiasmo pela brutalização das populações civis foi o procedimento operacional padrão das forças russas na Síria antes, durante e depois do mandato de Surovikin. Tornou-se parte do modo de guerra russo", defendeu o centro de estudos norte-americano.

Para o ISW, é "altamente improvável" que Surovikin "cause uma mudança fundamental" nas capacidades russas na Ucrânia enquanto os aliados ocidentais "continuarem a fornecer a Kiev as defesas aéreas necessárias para impedir que a Rússia ganhe superioridade aérea".

Leia Também: Conflito na Ucrânia expôs fações e dividiu alinhamentos na América Latina

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