Já em maio, Washington tinha começado a detetar a escassez crítica de suprimentos nas fileiras russas, especialmente de motores a diesel, peças para helicópteros, aeronaves ou tanques blindados.
A capacidade da Rússia em fabricar armas de precisão também foi afetada pela proibição de exportação, segundo aponta um relatório do Gabinete do Diretor de Inteligência Nacional.
Assim, Moscovo começa a sentir os efeitos das sanções, como por exemplo através da escassez de rolamentos para equipamentos militares.
Uma reportagem do jornal The New York Times realça que os serviços de inteligência russos estão a adquirir tecnologia "ilegal", enquanto recorrem a outros países, como Irão e Coreia do Norte.
O vice-secretário do Departamento do Tesouro dos EUA, Wally Adeyemo, explicou esta sexta-feira que "a Rússia não pode aceder a tecnologia avançada", o que "impede a capacidade da sua indústria de defesa em produzir armas, bem como de substituir as que foram destruídas na guerra".
"Dois dos maiores fabricantes de 'chips' na Rússia tiveram que interromper temporariamente a produção, devido à falta de tecnologias estrangeiras críticas", realçou o Departamento do Tesouro em comunicado.
Wally Adeyemo anunciou ainda que o Gabinete de Controlo de Ativos Estrangeiros do Tesouro norte-americano emitiu diretrizes a alertar que as sanções podem ser estendidas a todas as pessoas, empresas ou países que forneçam munições à Rússia ou apoiem o complexo militar-industrial russo.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 13 milhões de pessoas -- mais de seis milhões de deslocados internos e mais de 7,6 milhões para os países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 6.221 civis mortos e 9.371 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.
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