"Não tem nada a ver, porque o Fundo (FMI) trabalha com o país, independentemente das eleições. Nós sabemos que existe um decreto do Presidente da República que marcou eleições para dia 18 e quem tem a competência e o direito de pronunciar se vai haver uma eleição geral tem de ser o mesmo Presidente, através de um outro decreto. Portanto, eu aqui continuo a falar que enquanto não existir o decreto, haverá eleição no dia 18", frisou Ilídio Té.
"Mas o programa do Fundo não tem nada a ver com eleições. Já falámos sobre isso e o Governo está a fazer o seu trabalho para ter um programa financeiro, porque será um programa entre o Fundo Monetário Internacional e a Guiné-Bissau", disse o governante, em entrevista à Lusa, em Washington, à margem dos encontros anuais do FMI.
O Presidente guineense, Umaro Sissoco Embaló, dissolveu em 16 de maio o parlamento da Guiné-Bissau e marcou eleições legislativas antecipadas para 18 de dezembro.
Contudo, partidos políticos com e sem assento parlamentar consideraram ser difícil realizar eleições em 18 de dezembro.
Os problemas de acessibilidade a algumas zonas do país, devido à época das chuvas, a sensibilidade dos materiais que não podem ser molhados e o facto de no interior do país muitas pessoas estarem nos campos agrícolas, foram outras das razões que levaram ao pedido de adiamento das eleições.
Os principais partidos políticos guineenses defenderam a realização de um recenseamento eleitoral de raiz, que segundo a lei deve durar cerca de três meses, mas, que até ao momento, ainda não começou.
O ministro das Finanças da Guiné-Bissau participou ao longo da semana numa série de reuniões na sede do FMI e do Banco Mundial, em Washington, fazendo um "balanço positivo" desses trabalhos "intensos e duros" que manteve.
"Podemos fazer um balanço positivo de todos os encontros que tivemos nestas reuniões com diferentes departamentos. Na sexta-feira estivemos reunidos com uma delegação do departamento legal, que era umas das reuniões mais complicadas. Mas, ao fim e ao cabo, acho que correu bem no final", avaliou.
À Lusa, Ilídio Té disse que aproveitou os encontros para reforçar o interesse do Governo em ter um programa financeiro com o FMI.
"Também [tivemos um reunião] com o chefe da própria missão do Fundo. Uma reunião aprofundada e, sobretudo, para fazer uma abordagem mais séria e mostrar qual o empenho do Governo em ter um programa financeiro com o Fundo. Portanto, toda a nossa dedicação e vontade política em cumprir com todos os pontos foram lá sublinhados", detalhou.
O ministro salientou ainda que apesar da "própria conjuntura e fragilidade do país", há um esforço "para pôr o carro dentro da estrada".
"Portanto, como dizem que temos um Ferrari dentro da garagem, estamos a trabalhar para tirar o Ferrari para pô-lo na estrada", comparou, numa alusão ao trabalho que diz que o seu Governo está a desenvolver.
O FMI anunciou em junho que iria retomar brevemente a assistência financeira à Guiné-Bissau no âmbito da Facilidade de Crédito Alargado e destacou no âmbito das consultas do artigo IV que a gestão orçamental sustentável é uma "prioridade" e que a consolidação orçamental deve continuar em 2022 para "conter o elevado risco" de aumento da dívida pública.
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