"Quanto mais pobre é uma família, maior é a proporção do seu rendimento destinada a necessidades como alimentos e combustível. Quando o custo dos bens básicos aumenta, o dinheiro disponível para responder a necessidades como saúde e educação diminui", explica o Fundo de Emergência Internacional das Nações Unidas para a Infância (Unicef).
Um estudo hoje divulgado pela Unicef - a propósito do Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza - indica que a pobreza infantil em 22 países da Europa de leste e Ásia Central aumentou este ano devido à guerra na Ucrânia e à consequente desaceleração da economia.
Com mais quatro milhões de crianças a viver abaixo do limiar da pobreza, só na Europa de leste e Ásia central, o estudo indica que houve, este ano, um aumento de 19% na pobreza infantil relativamente ao ano passado.
A crise económica e a subida do custo de vida "significam que as crianças mais pobres têm ainda menos probabilidade de aceder a serviços essenciais e correm mais riscos de violência, de exploração e de abusos", avisa a organização das Nações Unidas.
"Os desafios enfrentados pelas famílias que vivem na pobreza ou à beira da pobreza aprofundam-se quando os governos reduzem o investimento público, aumentam os impostos sobre o consumo ou desenvolvem medidas de austeridade para impulsionar as suas economias mais rapidamente", refere a organização das Nações Unidas.
Esse tipo de medidas "diminui o alcance e a qualidade de serviços de apoio a que as famílias mais carenciadas podem recorrer", acrescenta.
A necessidade de combater o problema deve ter em conta o futuro destas crianças, avisa a Unicef, lembrando que, para muitas pessoas, a pobreza infantil dura a vida inteira.
"Uma em cada três crianças nascidas e criadas na pobreza viverá toda a sua vida adulta na pobreza, levando a um ciclo intergeracional de dificuldades e privações", observa o estudo.
Por isso, a Unicef avança com aquilo que considera serem medidas necessárias para ajudar a reduzir o número de crianças pobres e evitar que mais famílias caiam em dificuldades financeiras.
A agência da ONU propõe ???????"atribuir um subsídio universal às crianças e garantir um rendimento mínimo", assim como "expandir a assistência social a todas as famílias com crianças necessitadas, incluindo refugiados".
Além disso, a Unicef considera também imprescindível "defender o investimento social, especialmente dedicado às crianças e famílias mais vulneráveis", e "apoiar a prestação de serviços de saúde, nutrição e assistência social a mães grávidas, bebés e crianças em idade pré-escolar".
Por fim, a organização defende que sejam adotados "preços regulamentados para alimentos básicos das famílias".
O Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza foi também assinalado pela Unicef Portugal, que avisa que esta é uma realidade que "já está a afetar as crianças e jovens" no país.
"Nunca a urgência de abordar a pobreza infantil foi tão clara" e "a situação pode vir a agravar-se", sublinha a agência em Portugal.
"Com os impactos combinados da crise climática, do aumento dos conflitos, da guerra na Ucrânia e da pandemia da covid-19, assistimos, pela primeira vez em décadas, a aumentos globais da pobreza infantil, incluindo no nosso país, o que torna ainda mais urgente a necessidade dos decisores porem em prática as políticas e programas apropriados para acabar com a pobreza infantil extrema e reduzir para metade a pobreza infantil multidimensional até 2030", conclui a Unicef Portugal.
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