Sete mortos e 58 feridos em protestos proibidos pela polícia no Chade
Pelo menos sete pessoas morreram e outras 58 ficaram feridas em protestos, proibidos pela polícia, contra o Governo de transição, disse uma fonte da oposição.
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Mundo Chade
"Contámos sete mortos, incluindo um jornalista da rádio CEFOD, uma estação de rádio privada. Há também 58 feridos, atualmente nos hospitais, e 112 detidos contados pelas nossas equipas", afirmou Enock Nodjiadoum, ativista da oposição e membro da equipa encarregada de organizar os protestos.
As manifestações foram convocadas por organizações da sociedade civil, partidos políticos e líderes religiosos, que exortam os cidadãos a expressar pacificamente o seu descontentamento.
O Exército e a Polícia tomaram as ruas da capital e responderam aos protestos de hoje, que tinham sido proibidos pelas autoridades, com munições e gás lacrimogéneo.
De acordo com a imprensa local, Alwihda Info, que citou fontes médicas, pelo menos quatro pessoas mortas foram levadas para o hospital Nacional de Referência Geral, após terem sido atingidas por balas.
Cerca de 30 pessoas feridas foram também levadas para o hospital após terem sido atingidas por gás lacrimogéneo ou munições reais.
O caos instalou-se no hospital, à medida que um número cada vez maior de pacientes deu entrada, pelo que "deixou de haver mais espaço" e a situação tornou-se "caótica na sala de urgências", disse um profissional de saúde.
Segundo os meios de comunicação locais, um polícia morreu no hospital após ter sido ferido por bala, embora a alegação ainda não tenha sido confirmada pelas forças de segurança.
A sede nacional do partido União Nacional para o Desenvolvimento e Renovação (UNDR) do primeiro-ministro, Saleh Kebzabo, foi atacada por manifestantes.
"Os militares no poder comprometeram-se a devolver o poder a civis no prazo de 18 meses. O dia 20 de outubro marca hoje o fim destes 18 meses de transição e é por isso que estamos nas ruas para exigir a saída do poder de (presidente de transição) Mahamat Idriss Deby Itno", disse Eloge Mianbé, uma jovem manifestante.
O Governo chadiano ainda não divulgou números de baixas, mas denunciou uma tentativa de insurreição.
"Estas pessoas querem criar uma insurreição. Treinaram 1.500 jovens para criar o caos e responsabilizar o Governo. Os organizadores desta manifestação serão responsabilizados", disse o ministro da comunicação e porta-voz do executivo, Aziz Mahamat Saleh.
Paris já veio a público condenar a violência na capital do Chade. "A violência ocorreu esta manhã, no Chade, e incluiu a utilização de armas letais contra manifestantes, o que a França condena", referiu o Ministério dos Negócios Estrangeiros, que reiterou que o país não desempenhou "qualquer papel nestes acontecimentos".
Num comunicado, a delegação da União Europeia (UE) no Chade apelou, na quarta-feira, ao "diálogo" e à prevenção de "atos de violência" e recordou a sua defesa do "exercício das liberdades públicas, respeitando os princípios do Estado de direito".
No dia 10 de outubro, Déby Itno anunciou a formação de um "Governo de unidade nacional" no seu discurso inaugural como Presidente de transição.
O atual chefe de Estado prometeu um referendo constitucional e eleições que, após o fim da transição, seriam organizadas "de forma transparente e calma" para "assegurar o regresso à ordem constitucional".
O Chade tem estado sob a liderança do Conselho Militar de Transição (CMT, junta militar) desde a morte do Presidente Idriss Déby nos combates entre grupos rebeldes e o exército, em abril de 2021.
Após a tomada de posse, o CMT, liderado por Mahamat Idriss Déby Itno, 38 anos, filho do falecido Presidente, anulou a Constituição e dissolveu o governo e o parlamento.
Durante o diálogo nacional foi acordado dissolver o CMT e prolongar a transição por mais dois anos, embora fosse suposto durar 18 meses e terminar hoje, em 20 de outubro.
O diálogo foi amplamente criticado e boicotado pelos partidos da oposição e movimentos rebeldes, por não o considerarem inclusivo.
Desde o início, Déby Itno tem tido o apoio da comunidade internacional, liderada pela França, a UE e a União Africana, uma vez que o exército chadiano é um dos pilares da guerra contra os grupos terroristas na região do Sahel, juntamente com as tropas francesas da missão Barkhane.
Leia Também: Confrontos no Chade contra a Junta Militar que adiou processo eleitoral
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