Na sua conta do Twitter, Traoré publicou hoje o decreto que nomeia Tambèla para liderar o Governo que supervisionará a transição política até a eventual realização de eleições em julho de 2024.
O novo primeiro-ministro, Doutor em Direito pela Universidade de Nice (França) desde 1986, é advogado e professor da Universidade de Ouagadougou e da Escola Nacional de Administração e Magistratura (ENAM).
Tambèla, autor de livros sobre cultura e política do Burkina Faso, é relativamente conhecido neste país da África Ocidental por ter sido apresentador da televisão privada BF1 TV.
Traoré, de 34 anos, nomeou o primeiro-ministro depois de tomar posse na sexta-feira como presidente de transição na sede do Conselho Constitucional na capital do país, Ouagadougou.
"Estarei empenhado ao vosso lado, a todos os burquinabés, nas diferentes frentes", disse Traoré no seu discurso de tomada de posse, no qual apelou para a "mobilização patriótica e popular" e prometeu pôr fim à insegurança do terrorismo, uma das razões que tinha apresentado para realizar o golpe de Estado.
O capitão tomou posse após ser nomeado Presidente de transição, chefe de Estado e comandante supremo das forças armadas, por uma conferência nacional, no dia 14.
O líder militar, o chefe de Estado mais jovem do mundo, foi nomeado Presidente transitório por cerca de 300 delegados (representantes políticos, militares, religiosos e da sociedade civil) das 13 regiões do Burkina Faso, que se reuniram para chegar a acordo sobre um roteiro para o regresso à ordem constitucional.
Em princípio, Traoré deve liderar a transição política durante 21 meses, se mantiver a sua palavra.
O capitão reuniu-se em Ouagadougou no dia 04 com uma delegação da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) e assegurou que respeitaria o calendário que a organização acordou com o seu antecessor, o tenente-coronel Paul-Henri Sandaogo Damiba.
Este calendário prevê um regresso à ordem constitucional até 01 de julho de 2024, o mais tardar.
O Burkina Faso sofreu o seu segundo golpe de Estado este ano, em 30 de setembro, a seguir ao que foi liderado por Damiba, em 24 de janeiro.
Traoré tomou posse como chefe de Estado a 05 de outubro, quando levantou a suspensão da Constituição durante o golpe de Estado.
A tomada do poder pelos militares ocorreu em ambas as ocasiões na sequência do descontentamento entre a população e o exército pelos frequentes ataques jihadistas que o país tem sofrido desde abril de 2015, levados a cabo por grupos ligados tanto à Al-Qaida como ao Estado Islâmico, que deslocaram quase dois milhões de pessoas.
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