"A Rússia continua a acusar falsamente a Ucrânia de fabricar uma bomba suja. Isto é um absurdo: por que a Ucrânia usaria uma bomba suja nos seus territórios que deseja libertar?", questionou Stoltenberg em entrevista à France-Presse (AFP).
Moscovo deve entender que o Ocidente não aceitará "falsos pretextos para uma nova escalada da guerra na Ucrânia", acrescentou o responsável da Aliança Atlântica numa entrevista realizada a bordo do porta-aviões norte-americano USS George H.W. Bush, empenhado no exercício "Neptune Strike 2022" no Mediterrâneo.
Há vários dias que a Rússia está a acusar a Ucrânia de preparar uma "bomba suja", composta por explosivos convencionais rodeados por material radioativo destinado a serem disseminados durante a explosão e de querer utilizá-la para acusar a Rússia.
"Sabemos que os russos muitas vezes acusam os outros do que eles próprios pretendem fazer. Vimos isso na Síria, vimos no início desta guerra na Ucrânia", vincou Stoltenberg.
Para Stoltenberg, o conflito deve terminar "mais cedo ou mais tarde" na mesa de negociações, mas "os Aliados nunca negociarão ou concluirão um acordo sobre a Ucrânia sem a Ucrânia", insistiu.
"O que a Ucrânia pode conseguir na mesa depende de quão forte eles são no campo de batalha. A única hipótese que têm para sobreviver como uma nação independente é se forem capazes de se defender das forças russas para alcançar uma solução política aceitável nas negociações", acrescentou.
O Conselho de Segurança da ONU debateu esta terça-feira à porta fechada, a pedido de Moscovo, as acusações da Rússia, que afirma que a Ucrânia fabricou uma 'bomba suja', alegações rejeitadas por Kiev e pelo Ocidente.
No final, o embaixador britânico junto da ONU, James Kariuki, disse hoje que as alegações russas de desenvolvimento pela Ucrânia de 'bombas sujas' são apenas um novo capítulo na prolongada desinformação e propaganda Rússia.
A operadora de energia nuclear da Ucrânia disse esta terça-feira que responsáveis russos realizaram trabalhos secretos na última semana na central nuclear ocupada de Zaporijia, com o alegado intuito de preparar um "ato terrorista".
O secretário-geral da Aliança Atlântica manifestou ainda "confiança" ao abordar o novo governo italiano, chefiado pela líder da extrema-direita, Giorgia Meloni, que, quando estava na oposição, acusou a NATO de "criar um clima de guerra fria" com a Rússia.
"Congratulo-me com a sua forte mensagem de apoio à NATO, mas também a sua forte mensagem sobre a continuação do apoio italiano à Ucrânia", realçou.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 13 milhões de pessoas -- mais de seis milhões de deslocados internos e mais de 7,5 milhões para os países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
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