A ativista ambiental sueca Greta Thunberg fez duras críticas à organização da COP27, a conferência internacional para discutir medidas de combate às alterações climáticas, anunciado que não vai marcar presença no evento que se realizará no Egito, de 6 a 18 de novembro.
Na apresentação do seu livro em Londres, citada pelo The Guardian, Greta Thunberg elencou algumas das críticas que muitas organizações não-governamentais (ONG) fazem ao evento - seja à falta de resultados concretos em outras COP, seja pela escolha do local.
"Não vou à COP27 por várias razões, mas o espaço para a sociedade civil este ano está extremamente limitado", afirmou a sueca, de 19 anos, aludindo à controvérsia em torno da localização do evento.
Thunberg acrescentou ainda que "as COP são usadas maioritariamente como uma oportunidade de os líderes e as pessoas no poder para terem atenção, usando formas diferentes de 'greewashing'" - o conceito consiste em empresas e governos usarem marketing ecológico e verde de forma a melhorar a imagem externa, ocultando assim páticas pouco ecológicas.
Para a ativista, que deu alento à fundação de movimentos de greves estudantis para alertar para o combate contra as alterações climáticas (como a portuguesa Greve Climática Estudantil)
Este ano, a COP realiza-se em Sharm el-Sheikh, uma cidade turística egípcia junto ao Mar Vermelho. Muitos governos e ONGs acusam a organização de ajudar o regime do Egito, liderado por Abdul Fatah Al-Sisi, ao legitimar o governo através da conferência, apontando o dedo para os mais de 60 mil presos políticos no país - com Greta Thunberg a assinalar, no Twitter, a sua solidariedade pelos "prisioneiros de consciência" no país.
Entre esses presos políticos está Alaa Abd El-Fattah, uma das principais vozes da revolução egípcia durante a Primavera Árabe de 2011, que derrubou a ditadura de Hosni Mubarak. No entanto, anos mais tarde, o Egito está de novo sob o controlo de um regime ortodoxo que reprime liberdade de expressão e liberdade de imprensa - segundo a ONG Reporters Without Borders, o Egito é dos países que mais jornalistas prende no mundo, situando-se no 168.º na lista de 180 países medidos (apenas à frente de países como a Síria, a China, Cuba, Irão ou a Coreia do Norte)
It was deeply moving to have @GretaThunberg's solidarity at the #FreeAlaa sit-in today. A big thank you. ️
— Free Alaa (@FreedomForAlaa) October 30, 2022
For #COP27 not to greenwash Egypt's human rights abuses, prisoners of conscience must be released now. #FreeThemAll pic.twitter.com/lOvJUrUow9
Entidades como a Amnistia Internacional e a Greenpeace já pediram que o Egito abrisse a porta a movimentos cívicos e libertasse presos políticas, numa petição assinada por Greta Thunberg.
Em Portugal, uma carta aberta assinada por vários políticos, jornalistas, ativistas e muitos outros cidadãos pediu em setembro o boicote à COP27, assim como a libertação de Alaa Abd El-Fattah, que está em greve de fome contra a sua prisão há mais de 200 dias.
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