A informação consta de um balanço divulgado às 09h (12h em Lisboa) pela Polícia Rodoviária Federal e citado pela imprensa local.
O ministro da Justiça, Anderson Torres, informou na rede social Twitter que já foram eliminados 192 pontos de bloqueio e que a polícia está a trabalhar "ininterruptamente no desbloqueio das estradas".
Desde o último domingo (30), apoiantes de Bolsonaro passaram a impedir o fluxo em vias por todo o país como forma de protesto contra o resultado das eleições presidenciais vencidas pelo Presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva.
As informações sobre ações das autoridades ligadas ao Governo Bolsonaro contrastam com imagens divulgadas pela imprensa e nas redes sociais sobre os bloqueios que se estenderam a áreas dentro de grandes cidades, como São Paulo que teve algumas pistas da Marginal Tietê interrompida, nas quais é possível ver a polícia observando os manifestantes e em alguns casos até incentivando-os.
Num ato em Santa Catarina, no sul do país, um polícia foi filmado incentivando os participantes dos atos de bloqueio a resistirem por 72 horas alegando que o Presidente precisaria deste tempo para agir.
Apoiantes de Bolsonaro também bloquearam a rodovia que dá acesso ao Aeroporto Internacional de Guarulhos, onde houve um engarrafamento. O problema causou cancelamento de vários voos e obrigou passageiros a andarem com suas malas na via.
Na noite de segunda-feira, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral ordenou à Policia Rodoviária ações imediatas para desobstruir os bloqueios de estradas em vários pontos do país em resposta a um pedido da Confederação Nacional dos Transportes e do vice-procurador geral eleitoral, Alexandre de Moraes.
O juiz disse ainda que, caso não tome providências, o diretor da Polícia Rodoviária Federal, Silvinei Vasques, apoiante do Presidente Jair Bolsonaro, terá uma multa de 100 mil reais por hora (cerca de 20 mil euros) a partir das 00:00 (03:00 em Lisboa), podendo mesmo ser detido e afastado do cargo por desobediência.
Hoje, Moraes determinou que as polícias militares dos estados desobstruam as estradas bloqueadas no país e identifiquem os responsáveis pelos bloqueios enquanto sua decisão anterior está a ser analisada pelo plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) que já tem maioria favorável a sua decisão.
Os protestos, alegadamente inorgânicos e sem líder, já foram condenados por proeminentes apoiantes de Bolsonaro ligados ao agronegócio e à indústria de transportes, como a Frente Parlamentar do Agronegócio (FPA).
Entre as estradas bloqueadas encontrava-se a Via Dutra, estrada que liga o Rio de Janeiro a São Paulo e a que regista maior volume de tráfego no Brasil.
A presidente do Partido dos Trabalhadores, Gleisi Hoffmann, responsabilizou o chefe de Estado brasileiro e acusou Bolsonaro de orientar "o caos no país".
O chefe de Estado e candidato derrotado, Jair Bolsonaro, ainda não telefonou a Lula da Silva para o felicitar e está há mais de 24 horas sem fazer qualquer declaração pública desde o anúncio do resultado das presidenciais de domingo.
Bolsonaro esteve reunido, na segunda-feira, no Palácio do Planalto, com vários ministros, mas até agora ainda não lançou qualquer informação sobre quando falará sobre as eleições presidenciais.
Com 100% dos votos contados, Luiz Inácio Lula da Silva venceu as presidenciais de domingo por uma margem estreita, recebendo 50,9% dos votos, contra 49,1% para Jair Bolsonaro, que procurava obter um novo mandato de quatro anos.
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